“Sem os sentimentos não existe uma vontade tão grande que
impulsione o próprio pensamento.” - Amaro
Emanamos o que sentimos |
No post anterior, no qual foi abordado o
livre-arbítrio, uma questão se impôs: O controle dos sentimentos. Como foi
visto, tal questão está no cerne do livre-arbítrio e consequentemente no centro
da evolução espiritual do ser humano.
A reencarnação, ao nos posicionar em relacionamento
direto com pessoas de diferentes patamares de evolução espiritual, é exatamente
o meio de se colocar em prática as lições que o Espírito deve aprender em sua eterna
caminhada, sendo a educação dos sentimentos uma das mais importantes destas
lições.
As paixões humanas são aspectos a
serem observados e analisados, conquista a ser ainda domada e adquirida rumo ao
progresso. São chamados de paixões os sentimentos relacionados ao apego e
desequilíbrio, ao egoísmo e suas várias formas e é exatamente neste
desequilíbrio que se pautam as provas, expiações e a necessidade de se aprender.
Além do egoísmo, quais outros
sentimentos podemos inserir como sentimentos que levam, em algum momento, o
Espírito a travar internamente algumas batalhas que necessitam ser superadas,
entendidas e refletidas, significando lição aos encarnados? Vaidade, rancor e
inveja são alguns exemplos de desequilíbrio dos sentimentos. Tais sentimentos
cegam o Espírito, seja encarnado ou desencarnado, de tal forma que ele não consegue
ver além de si, o que o leva a fazer um mau uso do livre-arbítrio
reiteradamente, até apreender, no íntimo da alma, através das várias
experiências vividas, que os sentimentos em desequilíbrio são os responsáveis
pelo seu sofrimento bem como das pessoas que o rodeiam. Dessa forma, devemos
refletir e vigiar nossos sentimentos e é através da educação moral é que os educamos.
A educação dos sentimentos é um importante palco de
estudos e observações, pois significa um melhor uso do livre-arbítrio e das
relações humanas. Em uma atividade de amparo em reuniões mediúnicas, para
darmos um exemplo, veremos o egoísmo, a vaidade e a inveja em muitos dos
quadros obsessivos – que mostram, exatamente, em vários casos, estes
sentimentos desequilibrados, onde o assediador espiritual não consegue enxergar
o outro e a si, por vezes crendo que é uma questão de enxergar apenas o outro, mas
como estamos todos ligados não é só no outro, mas também em nós mesmos, muitas
vezes, o local onde reside a causa dos nossos
sofrimentos.
Uma pessoa egoísta não afeta apenas os outros, mas
também a si mesma, assim como a inveja ou rancor não afetam apenas ao outro. Alguns
acreditam que assim não é, os próprios obsessores creem que estão ferindo ao
outro, ao exercerem influências, mas ferem a si mesmos. Todos os sentimentos,
independente se bons ou ruins, afetam o outro.
Os sentimentos de gratidão e amor
afetam de modo positivo; a humildade, benevolência e caridade, são todos sentimentos
superiores e estão ligados uns aos os outros, ou seja, o amor não é apenas
amar, mas ainda ser benevolente, caridoso, nutrir gratidão, enxergar o próximo
de modo a respeitá-lo, respeitar igualmente a si mesmo e assim por diante.
A vaidade, por exemplo, sendo um
sentimento em desequilíbrio, é quando o espírito, encarnado ou não, acredita
que por si só basta, como se fosse detentor da verdade, seu ponto de vista está
correto. Assim, se acha com a razão, sempre.
Quando surge no contexto religioso, a vaidade faz o indivíduo
crer que a sua religião é a que está correta, superior as demais, ou ainda que
seu trabalho num grupo nada seria sem sua participação, deseja atrair, assim, a
atenção acerca de si mesmo e busca
posição de destaque; a vaidade também está presente no meio espírita, temos,
assim, exemplos de médiuns, grupos ou
casas espirituais que crêem, motivados pela vaidade, ter o domínio de informações e técnicas,
algumas vezes estranhas até à doutrina; cobram atenção e dedicação e há
exemplos em que se julgam dignos de pagamento pelos dons recebidos
gratuitamente pela espiritualidade, inventando algum sofisma como aporte em seu
favor.
Como contrário da vaidade temos a humildade; há quem
compreenda que a humildade é um rebaixamento, quando na realidade todos estamos
aprendendo, e isso significa ser humilde, compreender a situação de sermos
aprendizes e de que, se somos dotados de algum bem, outros tantos ainda nos
faltam e felizes os que podem ser útil e auxiliar, num cenário onde todos os
indivíduos aprendem.
A terra não é um planeta onde
chegamos para aprender? Então todos nós, em ambos os planos, estamos na
condição de aprendizes, a humildade faz parte desta compreensão e não significa
qualquer rebaixamento.
Todos iremos evoluir, de acordo
com o que nós fizermos e aprendermos.
Recordemos que cada qual está num
estado e com uma necessidade diferente. Algumas pessoas não creem na
espiritualidade, mas no íntimo delas, em alguns momentos, se questionam quando
se deparam com algumas situações que lhes acontece ou acontecem ao redor delas,
e de pouco em pouco, estes questionamentos farão com que novas ideias germinem,
porque é assim com tudo, não apenas com a espiritualidade, mas com tudo que
necessitamos refletir e experienciar, para aprendermos até chegarmos ao ponto
de não mais necessitarmos aprender.
A reflexão dos sentimentos
permite que se conheça mais de si mesmo, mudando o estado mais rudimentar e de
pura reação diante dos quadros da vida para o de atuantes conscientes; as
pessoas mudam, por exemplo, quando percebem que um sentimento viciado faz mal a
ela mesma, ao seu ambiente, as pessoas próximas. Ao se conscientizar que seus
sentimentos em desequilíbrio ferem e não significa qualquer alteração da
realidade que por vezes deseja fugir ou se abster.
Sentimentos inferiores
desgovernados que estão imbuídos de inveja, do desejo de posse, do egoísmo,
geram aflições que ao se tornarem conscientes podem ser alterados; muitas vezes
nós impedimos nossa própria felicidade ao observarmos apenas o que nos falta, o
que desejamos ou idealizamos, seja no contexto que for, político, religioso,
amoroso, de ofício.
A sede de querer mais, de ter direitos sobre as demais
pessoas de seu convívio, carregadas de imediatismo e individualismo são
caminhos desequilibrados, carentes e distantes da verdadeira paz íntima que
todos nós deveríamos buscar e ofertar a nós mesmos e aos que amamos, sem
controles, impositivos, culpas, pesadas cargas e tributos, mas com leveza e
responsabilidade.
O perdão vem muitas vezes disso, as vezes um indivíduo
nutre raiva ou ódio porque se sentiu ferido ou traído, mas chegará o tempo em
que compreenderá que através do perdão ele mesmo se liberta e concede a outra
pessoa a liberdade, libertando a si mesmo também.
Mas vivemos nos dois planos, até que aprendamos, em
conflitos com estas energias e sentimentos a nos perturbar, quando inferiores,
até que haja compreensão das paixões que geram padrões vibracionais viciados
e, então, superado o desequilíbrio que nos rouba a paz íntima, elevaremos os
pensamentos.
Útil nos é observar os próprios
sentimentos igualmente, uma vez que as observações destes nos são lições, pois
não se trata apenas de sentir, mas refletir sobre o que sentimos. Assim é que
muitas vezes são trocadas as posições nas reencarnações, como, por exemplo, aquele
que obedece passa a mandar e vice-versa ou o que aprisionou passa a ser o
aprisionado; isso mexe com os sentimentos e tudo aquilo que sentimos e dessa
forma, acabamos refletindo de uma melhor e aprendemos assim a lição, embora alguns
demorem maior tempo; mas chegará o dia em que todos compreenderão.
Sentimentos desequilibrados e
irrefletidos provocam doenças, tanto físicas quanto psíquicas. São capazes de
transformar ambientes e, num maior grau, fazer perder a própria reencarnação
porque pode significar uma oportunidade não aproveitada.
No tocante aos sentimentos, importa, para a finalização
do assunto, que todo pensamento carregado de sentimentos geram sintonias, sejam
felizes ou infelizes. O que sentimos potencializa o que pensamos,
assim um pensamento tocado de amor ou gratidão repercutirá com maior ênfase,
até que chegue a seu destinatário; temos como exemplo disso as preces
em favor de alguém que amamos, encarnado ou desencarnado, e sintonizados pelo
pensamento, com sentimento mais elevado de amor através do elo que mantemos, as
preces são fonte de esperança, refazimento, carinho e benevolência atuante.
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