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quarta-feira, 16 de julho de 2014

Uma Refutação ao artigo: “UMBRAL E NOSSO LAR - UMA REALIDADE NÃO EXISTENTE FACE A DOUTRINA DOS ESPÍRITOS”



Amigos do Blog Luzes do Bem, no post anterior falamos a respeito de uma refutação a um artigo que versava sobre a obra "Nosso Lar", de André Luiz, pela psicografia de Chico Xavier. 

O artigo refutado  pode ser encontrado, na íntegra, neste endereço: 
http://umolharespirita1.blogspot.com.br/2011/10/nosso-lar-e-umbral-uma-realidade-nao.html

Para uma questão de melhor visualização e separação dos argumentos, colocamos as citações do artigo refutado em vermelho.



Por Alexandre Filho



"Se o engano aparece e dá o seu espetáculo, melhor é que a verdade venha junto" 
 Amaro

"Só o amor permanece depois de todas as ilusões, 
que caem como folhas com o amadurecimento." - Josué


Assim inicia a autora, 

“Desde a publicação do livro Nosso Lar pelo espírito André Luiz, psicografado pelo médium Chico Xavier, que o inferno católico transvestiu-se em ‘umbral’, alimentado pelo imaginário dos ‘espíritas’ ainda arraigados à dogmática católica. Por outro lado, a “cidade espiritual” denominada de “Nosso Lar“, tornou-se o céu, cujo destino é almejado por todos aqueles que sonham com a felicidade quando do retorno ao plano espiritual”

Já no início do artigo, a autora lança mão de duas proposições equivocadas, grifadas acima, no que diz respeito à natureza das esferas espirituais onde é relatado o “Umbral” e também a colônia espiritual “Nosso Lar”, fazendo alusão ao “Inferno” e ao “Céu” da Teologia Católica. 

Seguindo a definição mais simples que se possa encontrar sobre Céu e Inferno, sabe-se que, no primeiro, teríamos uma paz(contraditória em si mesma) baseada em uma contemplação eterna e inútil das belezas celestes, contrapondo-se a isso o Inferno, onde teríamos os sofrimentos eternos, na expiação de “nossos pecados”.  Ambos locais determinados e fixos.

Para todo aquele que leu as obras de Andre Luiz sobre o assunto , “Umbral” e “Nosso Lar” não se enquadram nessa definição. No caso do “Umbral” diz respeito a um ambiente onde encontram-se grupos de Espíritos em condição de sofrimento  ou de baixo nível espiritual, não é um local fixo como o dito Inferno, uma vez que é fácil perceber que trata-se de um ambiente que é uma resultante dos pensamentos deteriorados dos indivíduos que lá estão; retire os indivíduos daquele local e ele deixará de ser daquela forma ! Portanto, onde agora está o “Umbral”  ? Como podemos denominar isso de um local fixo, como quer fazer sugerir a autora ?


“Diante de seu relato, identifica-se de pronto a incontestável semelhança com o ‘inferno’ católico, ao ser aquele descrito, como uma região tenebrosa, com seres diabólicos, e sofrimentos acerbos.”

Perguntaríamos a autora do artigo: Aqui no plano físico, quantos lugares verdadeiramente tenebrosos não encontramos, onde há sofrimentos acerbos ? Torturas, perseguições, fome, escravidão, tudo isso provocados por Espíritos encarnados, movidos pelo Egoísmo e o Orgulho. Quanto aos “seres diabólicos” ou monstruosos mencionados,  perguntou-se a autora sobre a sua natureza ? De onde vêm ? o que são ? por que são(ou estão) dessa forma ? 

Dr. Eben Alexander III, Neurocientista da Universidade de Harvard, um indivíduo inicialmente materialista, em seu livro “Uma Prova do Céu” (título que remete apenas à sua percepção referente a um dos lugares que visitou) conta-nos o que passou quando de uma Experiência de Quase Morte e viu-se em uma região inferior, tal qual a denominada de “Umbral” por André Luiz. Seu relato – que como os estudiosos da área sobre Experiências Fora do Corpo bem o sabem, não é único -, de indivíduo independente e alheio a literatura mediúnica, chega a impressionar pela extrema semelhança com o relato feito por André Luiz no início da obra “Nossa Lar” isso é teoricamente importante, tendo em visto que representa a experiência de um encarnado em condições semelhantes a experimentada por um desencarnado. Transcrevo então, a título de análise, trechos extraídos do capítulo 5 do seu livro supracitado intitulado “Mundo Subterrâneo” (Lembrando que não se trata de uma obra mediúnica, mas sim de relato de experiência fora do corpo).


Assim começa Eben:  

“Escuridão, mas uma escuridão visível – como estar submerso na lama, mas ainda assim poder ver através dela. Gelatina escura talvez seja a melhor descrição: transparente, mas turva embaçada, claustrofóbica e sufocante.”

  “(...)Há som também: um golpear profundo e ritmado, distante, porém forte, de modo que cada pulsação o atinge em cheio. Como uma batida de coração ? Um pouco, só que mais sombrio, mais mecânico, como  o som de metal contra metal, como se um gigantesco ferreiro subterrâneo estivesse martelando uma bigorna bem perto: golpeando tão forte que o barulho ecoa pela terra, pela lama, ou pelo que quer que seja aquilo onde você está.”


“(...) Não sei dizer exatamente quando aconteceu, mas em certo momento tomei consciência de alguns objetos que me rodeavam. Eles se assemelhavam a pequenas raízes, ou a vasos sanguíneos em um grande útero lamacento. Com uma coloração vermelha, escura e brilhante, eles desciam de algum lugar muito lá em cima em direção a outro lugar igualmente distante. Olhar para essas coisas era como ser uma toupeira ou uma minhoca no fundo da terra e, de alguma forma, ser capaz de enxergar o intricado complexo de raízes e árvores  à sua volta. (...) Essa é a razão pela qual, ao pensar sobre aquele lugar mais tarde, passei a chamá-lo de ‘Região do Ponto de Vista da Minhoca’”


“(...) Quanto mais tempo ficava ali, menos confortável me sentia. No começo, eu estava tão imerso que não havia diferença entre ‘mim’ e o elemento meio repulsivo e ligeiramente familiar que me rodeava. Mas, aos poucos, essa sensação de imersão profunda, atemporal, e sem fronteiras, deu lugar a outra coisa: o sentimento de que eu não fazia parte daquele mundo subterrâneo, embora estivesse dentro dele.”

“Caras grotescas de animais borbulhavam na lama, grunhiam, guinchavam e desapareciam de novo. Escutei urros medonhos. Algumas vezes, esses urros e grunhidos davam lugar a cânticos rítmicos e obscuros que eram, ao mesmo tempo, assustadores e curiosamente conhecidos...”

“(...)Quanto mais me sentia como eu- como alguma coisa separada do ambiente frio, úmido e escuro à minha volta- , mais os rostos que borbulhavam na massa pegajosa se tornava feios e ameaçadores. As batidas ritmadas do ferreiro também ficavam mais intensas: pareciam britadeiras de trabalhadores subterrâneos, tipo ogros, executando uma tarefa interminável e  massacrantemente monótona. O movimento à  minha volta tornou-se menos visual e palpável, como se criaturas parecidas com vermes e répteis estivessem passando em bandos e de vez quando esfregassem suas peles macias ou espinhosas em mim.

“Foi então que tomei a consciência de um odor: era uma mistura de cheiro de fezes, sangue e vômito. Em outras palavras,um cheiro biológico, porém de morte, não de vida. À medida que minha consciência se aguçava, eu me aproximava mais do pânico. Eu não pertencia àquele lugar. Precisava escapar.

Mas para onde ?

Quando me fiz essa pergunta, algo novo emergiu da escuridão, alguma coisa que não era fria, nem morta, tampouco sombria, mas o exato oposto disso tudo. Mesmo que eu passasse o resto da vida tentando, não conseguiria fazer justiça à entidade que se aproximava de mim. Nem sequer chegaria perto de descrever como era bela.”

E assim Eben Alexander III, termina o primeiro capítulo do seu livro citado anteriormente.  Após o ocorrido, Eben é amparado por um mentor Espiritual, da mesma forma que André Luiz.

A referência a regiões densas e tenebrosas onde há sofrimentos acerbos, no mundo espiritual, também foi entrevista por Allan Kardec em suas pesquisas. Revista Espírita, Ano III, 1860, página 85: “História de um danado” . Neste artigo, Kardec exibe um diálogo com um Espírito revoltado, assassino quando encarnado. Na 14ª pergunta que dirige a São Luiz, mentor dos trabalhos naquela noite, ele indaga:

14 - “Esse Espírito é sofredor e infeliz. Podeis descrever o gênero de sofrimentos que ele suporta ?”

Resp-  Está convencido de que deverá ficar eternamente na situação em que se encontra. Vê-se constantemente no momento em que praticou o crime: qualquer outra lembrança lhe foi apagada, e interdita qualquer comunicação com outro Espírito.

Na Terra só pode estar naquela casa e, quando no espaço, nas trevas e na solidão.

Mais a frente, continua:


62 – “Poderíeis descrever seu gênero de suplício?”
Resp. – É atroz para ele. Como sabeis, foi condenado a ficar na casa onde o crime foi cometido, sem poder dirigir o pensamento a outra coisa senão ao crime, sempre diante de seus olhos, e julga-se condenado a essa tortura para todo o sempre.

63 -  “Está mergulhado na escuridão?”
Resp. – Escuridão, quando quer afastar-se desse lugar de exílio.


Observemos ainda, como mais uma forte corroboração, o trabalho de Friedrich Jüergenson, “Telefone para o Além”, onde, por meio da Transcomunicação Instrumental, recebeu dos Espíritos informações muito semelhantes as passadas por André Luiz e pelo Dr Eben Alexander III. Os relatos aqui mencionados(o terceiro logo abaixo) são teoricamente importantes, haja vista que convergem para o mesmo ponto, não obstante venham de fontes totalmente distintas, quer digamos respeito aos pesquisadores citados, quer pelo processo pelo qual as informações vieram, respectivamente: Experiência fora do corpo, Mediunidade e Transcomunicação Instrumental. Seguimos, então, com o relato que pode ser encontrado em Friedrich Jüergenson, “Telefone para o Além”, Capítulo 20: “Nas Cavernas do Submudo”.

Assim nos diz Jüergenson:

"Nos últimos  meses  recebia  frequentemente  dos  meus  amigos  do  Além mensagens  sobre as condições predominantes em certas regiões do mundo espiritual. Recebia essas  mensagens  gradativamente,  de  acordo  com  a minha  evolução  e compreensão unitiva.

Primeiro  fizeram-­me  uma  descrição  detalhada  do  Além,  com  um  quadro bastante  claro  de  um  determinado  plano  de  existência,  ao  qual  meus amigos demonstravam especial dedicação. Esse local — se quisermos adotar esta palavra — denominava-se  subúrbio  e  abrangia  uma  série  de “distritos”  ou  planos  de  existência.

Depois me foi descrito o  plano  inferior,  que  abriga  os  representantes de pavorosas  deformações  do  espírito  humano. Tais  deformações  podiam assinalar-­se como  consequência  direta  da  crueldade  em  geral,  cuja  força cega  criou,  dentro  da plasticidade  de  fácil  configuração  da  matéria  das esferas  sutis,  regiões ocas,  que  os meus  amigos  chamavam  cavernas. As ondas negativas de  pensamento  e  emoções  — sobretudo  o  pavor ,  a inveja  e  o  ódio — mediante a  força  do desejo  e da  imaginação, formam, facilmente,  com  a  matéria  astral,  elementos  que  correspondem exatamente ao  caráter   desses  impulsos  emocionais. O  estado  da  coisa em  si,  ou  seja,  a  formação do  ambiente,  parece  processar-se  de  modo quase  automático,  independentemente, por tanto, da vontade individual."

Todas as informações aqui passadas, e repito de fontes diferentes e independentes, estão perfeitamente coerentes com o relatado acerca do “Umbral” em “Nosso Lar”.

Mais abaixo, no artigo da autora, temos a seguinte citação, quando irá iniciar a sua análise  da obra “Nosso Lar”:

“Para  este  intento,  precisamos  avaliar  as  informações  recebidas  tendo  como paradigma  as  Obras  Básicas,  posto  que  estas,  passaram  pelo  Controle  Universal das  Comunicações  Espíritas,  como  bem  nos  esclarece  Allan  Kardec,  o  insigne Codificador  da  Doutrina  dos  Espíritos,  na  parte  introdutória  de  O  Evangelho Segundo o Espiritismo.”

Allan Kardec fez um trabalho colossal durante os anos em que esteve à frente da pesquisa espírita. Compilando informações, analisando, comparando. Ele foi um pesquisador, não apenas um reprodutor de informações. É assim que devemos ser. É assim que procedemos neste artigo, fazendo análise comparada das informações aqui passadas.  Em aproximadamente 14 anos de pesquisa, nenhuma área é encerrada, portanto, por mais brilhante que tenha sido o trabalho de Allan Kardec, isso foi apenas o começo. Outros pesquisadores trabalharam 30, 50 anos em pesquisa sobre vida após a morte. A lógica e a razão nos manda submeter até mesmo os escritos de Allan Kardec a uma análise apurada e não apenas tomá-la como paradigma inquebrantável. Como toda área que se pretenda a ser científica, ela também deve evoluir, afinal Allan Kardec mesmo nos disse: “O Espiritismo caminha lado a lado com a ciência. Se incorrer em erro em algum ponto, esse ponto deve ser desprezado.”  Não estou aqui me referindo a um erro específico contido na codificação e creia, eles existem ! Principalmente quando se refere a Astronomia. Digo que Allan Kardec não é infalível em suas conclusões e em seus entendimentos acerca das mensagens passadas pelos Espíritos. Allan Kardec foi um ser humano e como tal é falível, isso é insofismável ! Os fatos espirituais não pertencem a pesquisadores específicos, nem seria lógico imaginar que Espíritos Superiores só se apresentariam a Allan Kadec. E não sou o único ao pensar dessa forma, o Espírito que se denominava Verdade disse o mesmo a Allan Kardec em “Obras Póstumas” no tópico intitulado “Minha Missão”, reunião de 12 de junho de 1856:

Pergunta(à Verdade) — Bom Espírito, eu desejara saber o que pensas da missão que alguns Espíritos me assinaram. Dize-me, peço-te, se é uma prova para o meu amor-próprio. Tenho, como sabes, o maior desejo de contribuir para a propagação da verdade, mas, do papel de simples trabalhador ao de missionário em chefe, a distância é grande e não percebo o que possa justificar em mim graça tal, de preferência a tantos outros que possuem talento e qualidades de que não disponho.

Resposta — Confirmo o que te foi dito, mas recomendo--te muita discrição, se quiseres sair-te bem. Tomarás mais tarde conhecimento de coisas que te explicarão o que ora te surpreende. Não esqueças que podes triunfar, como podes falir. Neste último caso, outro te substituiria, porquanto os desígnios de Deus não assentam na cabeça de um homem.

A maior prova disso vemos no igualmente colossal trabalho de Ernesto Bozzano. Em sua obra “A Crise da Morte”, vemos um trabalho de Análise Comparada acerca da crise da morte experimentada pelos Espíritos recém-desencarnados, nesse livro podemos observar aspectos muito semelhantes aos narrados em “Nosso Lar”, como é o caso das diversas esferas espirituais ou dimensões espirituais, o qual o nome “Umbral” nada mais representa que uma dessas dimensões.

Prosseguindo, mais a frente a autora do artigo refutado faz a sua análise e interpretação em cima de uma pergunta feita por Allan Kardec aos Espíritos:

“Em  seguida,  vejamos  a  pergunta  227  formulada  pelo  Codificador:  -  De  que maneira  se   instruem  os  Espíritos  errantes;  pois  certamente   não  o  fazem  da mesma  maneira  que   nós?

Resposta:  -  Estudam  o  seu  passado  e  procuram  o meio  de  se  elevarem.  Vêem,  observam  o  que  se  passa  nos  lugares  que percorrem;  escutam  os  discursos  dos  homens  esclarecidos  e  os   conselhos   dos Espíritos  mais  elevados  que  eles,  e  isso  lhes  proporciona  idéias  que  não possuíam” .

Análise da Autora

Observa-se portanto,  que  a  proposta  para  o  Espírito  na  erraticidade  não  é  o trabalho  braçal  de  lavar  chão,  limpar  enfermarias,  etc.,  mas  de  trabalhar  sua mente  e  esclarecer  o  seu  ‘eu‘,  objetivando  uma  melhor  preparação  intelectual  e moral, para enfrentar os embates de sua próxima encarnação.

Refutação

A conclusão deduzida pela autora, tentando basear-se na resposta dada pelos mentores da codificação é falaciosa, pois não se deduz da resposta dada pelos Espíritos. Vejamos:  antes de mais nada, Allan Kardec perguntou aos Espíritos a  maneira pela qual  se   instruem  os  Espíritos  errantes e não quais são todos os tipos de atividades realizadas por eles no plano espiritual, “trabalho  braçal  de  lavar  chão,  limpar  enfermarias,  etc.”  não constituem-se em instrução, mas apenas atividades outras. Em nenhum momento na resposta dada pelos Espíritos foi dito que eles apenas instruem-se no plano espiritual. Outras atividades são realizadas por Espíritos no mundo espiritual, sejam elas sadias ou não. Citemos dois exemplos: amparo e obsessão. Há Espíritos que amparam outros Espíritos, assim como há os que assediam outros, portanto vemos que a resposta dada pelos Espíritos não é uma resposta estrita e meramente conceitual. Portanto,  há sim outras atividades além das intelectuais no mundo espiritual.

Continua a autora:

“Analisemos  ainda  o  que  propõe  a  pergunta  230 de  o  LE:  -  O  Espírito  progride  no estado  errante?

Resposta:  Pode  melhorar-se  bastante,  sempre  de  acordo  com  a sua vontade e o seu desejo; mas é na existência corpórea que ele põe em prática as novas ideias adquiridas.

Análise da Autora


Diante do exposto, é fato que:

1º) A vida espiritual não é igual à vida material, posto que a condição consciencial e  emocional  do  indivíduo  é  outra,  o meio  é  outro,  a  realidade  é  outra,  a  dimensão tempo/espaço é outra, as percepções e sensações são outras.

2º)  A  Instrução  dos  Espíritos  errantes  não  se  faz   da  mesma  maneira  que  a  dos encarnados;

3º)  O  progresso  efetivo  do  Espírito  só  se  dá  através  da  existência  corpórea,  que é quando ele põe em prática as novas idéias adquiridas no Espaço.

No  entanto,  no  que  se  depreende  de  Nosso  Lar,  os  Espíritos  errantes  vivem  na espiritualidade uma vida semelhante à vida dos encarnados, posto que:

a) os Espíritos moram em casas com suas famílias;
b) trabalham e são remunerados (bônus-hora);
c) têm relacionamentos amorosos, noivado e casamento;
d) comem, bebem, tomam banho e dormem;
e) viajam de aerobus, vão a festas, cinemas, concertos e reuniões;
f)  obedecem  a  um  regime  político  sob  as  ordens  de  um  Governador  que administra a cidade através de seus Ministérios.

Ou seja, têm uma verdadeira vida social, com todas as implicações geradas pelas relações humanas que envolvem família, amigos, inimigos, trabalho e política.
Pergunta-se:  -  Prá  que  reencarnar,  se  o  Espírito  já  vive  todas  as  possibilidades oriundas  da  vida  em  sociedade,  considerada  por  Kardec,  como  a  “pedra  de toque” para a evolução humana?!

Refutação

Foram elaboradas algumas proposições. Analisemos uma por uma:

Diante do exposto, é fato que(diz a autora):

1º) A vida espiritual não é igual à vida material, posto que a condição consciencial e  emocional  do  indivíduo  é  outra,  o meio  é  outro,  a  realidade  é  outra,  a  dimensão tempo/espaço é outra, as percepções e sensações são outras.

É verdade que a vida espiritual não é igual à vida material propriamente dita, haja vista que o meio espiritual tem as suas particularidades que diferem do meio físico. Porém não é possível afirmar que a condição consciencial e emocional do indivíduo é outra. Ou passaremos a crer numa mudança milagrosa do indivíduo após o evento “morte” ? Não é isso que os fatos indicam – e não os vemos apenas em livros, mas temos contato com eles regularmente – O materialista ao morrer, assim que ultrapassar o “Véu de Ísis”, continuará materialista, o religioso fanático, continuará religioso fanático, o mau continuará mau e bom continuará bom (condições conscienciais). O revoltado continuará revoltado, o medroso, continuará medroso, o depressivo, continuará depressivo (condições emocionais). Não é atoa que o suicídio não mata a tristeza de ninguém, antes agrava ainda mais. Digo isso no momento exato da morte ou algum tempo depois. Como se sabe, a morte não muda ninguém, cada um leva para o outro lado a essência do que é aqui !

2º)  A  Instrução  dos  Espíritos  errantes  não  se  faz   da  mesma  maneira  que  a  dos encarnados;

De fato, igual dificilmente seria, pelo exposto acima. Porém observemos que qualquer tipo de instrução se dá pela vivência consciente de algo, o objeto que se está aprendendo, e também pela observação do que se quer aprender. Não pode ser muito diferente disso, haja vista que, como dissemos anteriormente, a morte não altera a consciência de uma hora para outra, a individualidade, o EU, permanece o mesmo, não é atoa que conseguimos maravilhosas provas de identidade de pessoas falecidas, muitas delas relatam, em suas comunicações que estão aprendendo coisas novas, observando coisas que nunca viram e se maravilhando com isso, ora que é isso senão instrução ? Que maravilhosa não é a surpresa de alguém que sofre uma EQM e descobre(se instrui) que a vida continua e perde o medo da morte ?! A curiosidade nos leva a nos instruirmos, isso é uma característica do espírito humano, independe se ele está encarnado ou não.

3º)  O  progresso  efetivo  do  Espírito  só  se  dá  através  da  existência  corpórea,  que é quando ele põe em prática as novas idéias adquiridas no Espaço.

O  progresso  efetivo  do  Espírito  só  se  dá  através  da  existência  corpórea”  - Isso não é verdade, e quem afirma é o próprio Espírito que respondeu a questão acima quando diz que o espírito errante pode  “melhorar-se  bastante,  sempre  de  acordo  com  a sua vontade e o seu desejo;” ora, se ele pode melhorar bastante enquanto errante, houve de fato um progresso efetivo !! O que é progresso senão melhorar em algo ? São experiências diferentes, a física e a espiritual, por isso há a necessidade de ambas, mas direi o motivo mais abaixo.

No  entanto,  no  que  se  depreende  de  Nosso  Lar,  os  Espíritos  errantes  vivem  na espiritualidade uma vida semelhante à vida dos encarnados, posto que:

a) os Espíritos moram em casas com suas famílias;
b) trabalham e são remunerados (bônus-hora);
c) têm relacionamentos amorosos, noivado e casamento;
d) comem, bebem, tomam banho e dormem;
e) viajam de aerobus, vão a festas, cinemas, concertos e reuniões;
f)  obedecem  a  um  regime  político  sob  as  ordens  de  um  Governador  que administra a cidade através de seus Ministérios.

Ou seja, têm uma verdadeira vida social, com todas as implicações geradas pelas relações humanas que envolvem família, amigos, inimigos, trabalho e política.

Pergunta-se:  -  Prá  que  reencarnar,  se  o  Espírito  já  vive  todas  as  possibilidades oriundas  da  vida  em  sociedade,  considerada  por  Kardec,  como  a  “pedra  de toque” para a evolução humana?!

Diz a autora:

“No  entanto,  no  que  se  depreende  de  Nosso  Lar,  os  Espíritos  errantes  vivem  na espiritualidade uma vida semelhante à vida dos encarnados”

Nada mais natural do que isso. Trata-se de um corolário, uma consequência lógica, do fato de que o indivíduo não muda seu estado consciencial em decorrência apenas e tão somente do evento morte. Logo, o indivíduo não mudar seu estado psicológico após a morte é condição suficiente para que o aglomerado de indivíduos não mude também, logo, qual a dificuldade em conceber uma vida semelhante a dos encarnados, no que diz respeito a seus aspectos psicológicos e todos os fatos decorrentes disso ?

a) os Espíritos moram em casas com suas famílias;

Faço uma pergunta a você, caro leitor: Se hoje, nesse momento, você desencarnar, o que acharia de ficar vagando no espaço, sem conhecidos ? Não se sentiria, por algum motivo, desconfortável por não está em um lugar onde você possa ficar relativamente reservado ? Dificilmente não ficaria, pois passou uma existência toda habituado a isso e, de repente, tiram isso de você num momento em que você não esperava que isso fosse ocorrer. Imagine-se por um momento desesperado, sozinho, procurando alguém conhecido, um lugar para ficar. “Ah como era boa a minha casinha, minha caminha, que sensação de paz isso me trazia !”. Ou seja, dessa forma conseguimos compreender facilmente a necessidade psicológica de habitações semelhantes a de encarnados. Agora, a questão é: isso seria possível ? Sim, e quem nos explica é o próprio Allan Kardec em “O Livro dos Médiuns”, no capítulo intitulado “O Laboratório do Mundo Invisível” juntamente com outros grandes pesquisadores como Charles Richet, Albert Von Schrenck-Notzing, Gustave Geley, Ernesto Bozzano e outros que, diga-se de passagem, estudaram com muito mais profundidade o Fluido Vital ou Ectoplasma e a sua suscetibilidade aos pensamentos, sejam de Espíritos encarnados ou desencarnados. Ernesto Bozzano em “Pensamento e Vontade”, obra magnífica, nos mostra o efeito do pensamento na matéria a qual denomina-se de  Fluido Vital ou ainda Ectoplasma. Diversos objetos podem ser criados pelos Espíritos manipulando fluidos sensíveis a ação mental dos desencarnados e mesmo de encarnados, a obra supracitada nos mostra isso com muita propriedade. Portanto, há matéria sensível ao pensamento e esta pode ser usada para a construção dos mais diversos objetos, sejam minúsculos, sejam gigantescos.

Ainda neste sentido, observemos um trecho de uma comunicação dada por Raymond Lodge, filho do grande físico Inglês Sir Oliver Lodge(um dos maiores expoentes na pesquisa em Vida Após a Morte, na era pós Allan Kardec). Raymond desencarnou na primeira guerra mundial e após o seu desencarne comunicou-se com seu pai(por intermédio de vários médiuns) e o auxiliou em suas pesquisas sobre o mundo espiritual. Raymond era ajudado por outro expoente da pesquisa sobre vida após morte, Frederic Myers, desencarnado em 1901 e grande amigo de Oliver Lodge. Vamos então à comunicação de Raymond, sobre a natureza do plano espiritual, segundo suas percepções(em Raymond, uma prova da sobrevivência da alma, “Extrato duma sessão com Mrs. Leonard, em sua casa, a 3 de dezembro de 1915”:

*Obs: nesta comunicação, Raymond comunicava à guia da médium que, por psicofonia, comunicava a Lodge o que Raymond queria dizer. A guia da médium chamava-se Feda*

 (Presentes: a médium e O. L. Feda fala na sua maneira habitual, como intérprete de Raymond)

“Feda – Oh, é interessante, diz ele, muito mais do que no velho plano terrestre! Eu jamais quereria deixar você, minha mãe, e os outros; mas isto aqui é interessante. Eu só desejava que você viesse estar comigo por um dia.
Há ocasiões em que o senhor vai lá, mas não se lembra. Todos têm estado lá com ele, à noite, e o senhor também, mas ele pensa que será muito difícil lembrar-se disso. Se se lembrassem, diz ele (ele não sabe disso, mas foi informado que é assim), o cérebro não suportaria a carga da dupla existência e tornar-se-ia incapaz das obrigações diárias; por essa razão a memória conserva-se trancada. Foi a explicação que lhe deram.

Diz ele: Meu corpo é muito semelhante ao que eu tinha na terra. Belisco-me às vezes para verificar se é um corpo real, e vejo que é; mas o beliscão não dói como doeria no corpo de carne. Os órgãos internos não parecem constituídos nas mesmas linhas do corpo de carne. Não podem ser completamente os mesmos. Mas segundo todas as aparências externas, é o mesmo. Só que posso mover-me mais livremente.

Oh, há uma coisa que não vi ainda: sangrar.

Conheci um homem que tinha perdido o braço, mas adquiriu outro. Sim, conseguiu os dois braços agora. Logo que penetrou no astral parecia incompleto, sem um membro do corpo, mas foi ficando e está completo. Falo de pessoas que perderam membros do corpo há muitos anos.

Lodge – E sobre membros do corpo perdido nas batalhas?

Feda – Oh, isso não faz diferença, ficam perfeitos quando vêm para cá. Foi informado (ele não sabe por si mesmo, mas sim porque lhe disseram) de que quando alguém é reduzido a pedaços, o espírito-corpo(o períspirito) leva tempo para completar-se, para unificar-se novamente. Dissipa-se uma certa soma de substância indubitavelmente etérica, a qual tem de concentrar-se de novo. O espírito está claro que não se despedaça, mas é afetado pelo despedaçamento do corpo. Ele não viu nada disso, mas como está interessado, indagou e soube.

Há homens e mulheres aqui. Não creio que se comportem em relação uns aos outros como na terra, mas parecem ter os mesmos sentimentos, embora expressáveis de maneira diversa. Não parece haver crianças nascidas cá. As criaturas são enviadas ao plano terrestre para terem filhos; não os têm neste. O sentimento de amor entre homens e mulheres parece comportar-se diferentemente de mãe e filho, de pai e filha.

Ele diz que agora não tem necessidade de comer. Mas vê pessoas que a têm; diz que a essas é dado alguma coisa com as aparências dos alimentos terrestres. As criaturas daqui procuram prover-se de tudo que é preciso. Um camarada chegou outro dia e quis um charuto. Julgou que eles jamais poderiam fornecer-lhe isso. Mas há aqui laboratórios que manufaturam todo tipo de coisas. Não como fazem na terra, com a matéria sólida, mas com essências, éteres, gases. Não é o mesmo que no plano terrestre, mas fizeram algo que parecia charuto. Ele (Raymond) não experimentou nenhum, porque não pensa nisso, o senhor sabe. Mas o camarada lançou-se ao charuto. Ao começar a fumá-lo, fartou-se logo; teve quatro, e agora não olha nem para um. Parece que não tiram mais nenhum gosto disso, e gradualmente vão largando.
Logo que chegam querem coisas. Alguns querem carne; outros bebidas fortes; pedem whisky com soda. Não pense que estou exagerando, quando digo que aqui podem manufaturar estas coisas. Ele ouviu falar de bêbados que por meses e anos querem beber, mas não viu nenhum. Os que tenho visto, diz ele, não querem mais beber – como aconteceu com sua roupa, que nas novas condições em que está ele, dispensa.

Lodge – Raymond, precisa dar-me algumas provas. Quais pensa que sejam as melhores? Já falou sobre isto com Myers, sobre o tipo de prova mais evidencial?

Feda – Não sei ainda. Sinto-me numa encruzilhada: dar provas objetivas, como simples materializações de voz direta, que você possa atestar; ou dar informações a respeito das minhas experiências aqui, algo como o que estou fazendo agora, por meio da mesa ou do que seja. Mas ignoro se poderei fazer conjuntamente as duas coisas.

Lodge – Ao mesmo tempo, provavelmente não. Mas pode dizer mais da sua vida aí.

Feda – Sim, e para isso estou colhendo informações. Quero animar as pessoas desse plano a encararem a vida em que terão de entrar e compreenderem que é uma vida racional. Tudo que venho dizendo, e disse a Lionel, você deve pôr em ordem, porque vou falando fragmentariamente. Preciso estudar as coisas daqui. Acha que seja egoísmo dizer que não tenho desejos de voltar à terra? Não abandonarei isto aqui por coisa nenhuma. Não me julgue egoísta, ou que quero manter-me separado de vocês todos. Se ainda o procuro, é porque o sinto muito perto, mais perto do que antes. Mas por coisa alguma que me pudesse ser dada eu voltaria.”

***

Ora, o que dizer diante dessa comunicação maravilhosa dada por Raymond se a colocássemos lado a lado com os escrito psicográficos sobre “Nosso Lar” de André Luiz por Chico Xavier ? Veja bem....nessa época, 1915, Chico Xavier tinha apenas 5 anos de idade !

b) trabalham e são remunerados (bônus-hora);

Qual sistema mais justo, em uma sociedade não ociosa,  que o da meritocracia ?

c) têm relacionamentos amorosos, noivado e casamento;

A proposição Aristotélica: “O homem é um ser social” não poderia ser mais verdadeira, a observação basta para confirmá-la. Considerando que o homem, no sentido de um ser humano, nada mais é que um Espírito, podemos deduzir, por transitividade lógica, que “O Espírito é um ser social”. Sabendo que um ser social nada mais é que aquele que vive em sociedade, que por sua vez é um conjunto de indivíduos que compartilham propósitos, gostos, preocupações e costumes, e que interagem entre si constituindo uma comunidade, perguntamos a autora: Qual o problema com o item acima, principalmente quando faz referência a Espíritos que deixaram o plano físico há pouco tempo, como é o caso dos Espíritos relatados em “Nosso Lar” ?

Considerando que o homem é um Espírito em essência, o que é dito logo abaixo para o homem, é válido para o Espírito, vejamos então o que nos dizem os mentores sobre a “Lei de Sociedade”:

766 A vida social é uma obrigação natural?

– Certamente. Deus fez o homem para viver em sociedade. Deus deu-lhe a palavra e todas as demais faculdades necessárias ao relacionamento.

767 O isolamento absoluto é contrário à lei natural?

– Sim, uma vez que os homens procuram por instinto a sociedade, para que todos possam concorrer para o progresso ao se ajudarem mutuamente.

768 O homem, ao procurar viver em sociedade, apenas obedece a um sentimento pessoal, ou há um objetivo providencial mais geral?

– O homem deve progredir, mas não pode fazer isso sozinho porque não dispõe de todas as faculdades; eis por que precisa se relacionar com outros homens. No isolamento, se embrutece e se enfraquece.

 Nenhum homem possui todos os conhecimentos. Pelas relações sociais é que se completam uns aos outros para assegurar seu bem estar e progredir: é por isso que, tendo necessidade uns dos outros, são feitos para viver em sociedade e não isolados

Para encerrar  a questão sobre namoro, lembro que atendi a um Espírito, um jovem de 27 anos, em estado de sofrimento que desencarnou sem ter constituído família e isso era um grande problema para ele. Durante a nossa conversa ele me revelou forte de vontade de possuir uma namorada, mesmo estando desencarnado, ou seja, nada mais natural para quem morreu com esse dilema ! Isso é o que ocorre na realidade e não apenas o resultado de análise teórica apenas. A morte não muda o ser humano instantaneamente ! Mudam, sim, as condições ambientes, mas o EU, a Consciência, o Espírito, este leva milênios para mudar! Tudo em questão de evolução, e como esse amigo que acabei de dizer, os Espíritos de “Nosso Lar” estão longe da envergadura espiritual dos mentores.


d) comem, bebem, tomam banho e dormem;

Considerando tudo o que já foi dito, em se tratando de aspectos psicológicos de recém-desencarnados, mostrando que, pela literatura mediúnica, objetos e comidas no mundo espiritual não são invenção de Chico Xavier(veja Raymond, de Oliver Lodge, citado acima). Considerando também a propriedade plástica da matéria no mundo espiritual, sensível ao pensamento dos espíritos, temos que isso não se torna material estranho à realidade espiritual.

e) viajam de aerobus, vão a festas, cinemas, concertos e reuniões;

Considerando o que já foi dito, nenhuma anormalidade aqui. Apenas devemos observar que nem todos os Espíritos conseguem volitar, haja vista que muitos nem sequer sabem que morreram! Sua consciência e conhecimento não os permitiram essa capacidade com facilidade, posto que aqui, no físico, não eram acostumados a isso, sua condição psicológica muitas vezes os impedem de fazer isso.

f)  obedecem  a  um  regime  político  sob  as  ordens  de  um  Governador  que administra a cidade através de seus Ministérios.

Onde quer que haja seres inteligentes razoavelmente lúcidos convivendo, com seus conflitos de interesses, necessário se faz a existência de um sistema que organize tal sociedade, isso é o básico, sem o qual o caos seria soberano.

Ou seja, têm uma verdadeira vida social, com todas as implicações geradas pelas relações humanas que envolvem família, amigos, inimigos, trabalho e política.
Pergunta-se:  -  Prá  que  reencarnar,  se  o  Espírito  já  vive  todas  as  possibilidades oriundas  da  vida  em  sociedade,  considerada  por  Kardec,  como  a  “pedra  de toque” para a evolução humana?!

Reencarnar é necessário porque aqui, além da vida social, o Espírito passa por situações que não passaria no mundo espiritual. Aqui, de fato há a fome,como uma necessidade biológica,não como uma impressão psíquica como ocorre no espírito desencarnado. Aqui tragédias pessoais como mutilação fazem pessoas melhorarem bastante, descendo o salto alto do ego. Aqui algumas pessoas resolvem mudar seu modo de agir porque pensam que vão morrer e desaparecer pra sempre, então isso as motiva. Aqui é possível ocorrer uma reconciliação que jamais poderia ocorrer se não houvesse o esquecimento do passado. Porém, o que é mais importante a notar é que desencarnado, o Espírito está sempre, por uma questão de afinidade, com pessoas mais ou menos no seu nível evolutivo, sejam bons ou maus espíritos, já aqui na Terra, não há essa divisão que ocorre naturalmente no plano espiritual. Aqui Espíritos de todos os níveis evolutivos interagem, proporcionando assim uma evolução mais rápida que no plano espiritual. Como podemos ver há vários motivos, excetuando os não mencionados, para reencarnar!

Continua a autora:

Mas  prossigamos  nosso  estudo  agora  analisando  a  questão  234  de  O  Livro  dos Espíritos,  que  trata  dos  Mundos  Transitórios,  e  Kardec  faz   o  seguinte questionamento  aos  Espíritos  Superiores:  -  Existem,  como  foi  dito,  mundos  que servem  de  estações  ou  de  lugares  de  repouso  aos  Espíritos  errantes?

 Resposta:

-  Sim,  há  mundos  particularmente  destinados  aos  seres  errantes,  mundos  que eles  podem  habitar  temporariamente,  espécie  de  acampamentos,  de  lugares  em que  possam  repousar  de  erraticidades  muito  longas,  que  são  sempre  um  pouco penosas.  São  posições  intermediárias  entre  os  outros  mundos,  graduados  de acordo com a natureza dos Espíritos que podem atingi-los, e que gozam de maior ou menor bem-estar. 

E a  pergunta  236  -  Os  mundos  transitórios  são,  por  sua  natureza especial, perpetuamente  destinados  aos  Espíritos  errantes? 

Resposta:  -  Não,  sua superfície é apenas temporária. Oportuno  ressaltar  o  desdobramento  da  pergunta  236,  na  236-a:  -  São  eles  ao mesmo tempo habitados por seres corpóreos?

Resposta: - Não, sua superfície  é estéril. Os  que o habitam não precisam de nada. 

Diante de tão importantes informações, infere-se que:


1º)  há  possibilidade  dos  Espíritos  errantes  se  acomodarem  em  “Mundos Transitórios”;

2º)  tais  mundos  são  de  superfícies  estéreis,  ou  seja,  sem  prédios,  bosques, fontes etc.;

3º) o Espírito não precisa de nada disso na erraticidade.

Aqui a autora interpretou o termo “mundo” de forma equivocada. “Mundo”, no contexto aí apresentado, não se trata das esferas espirituais onde encontram-se “Nosso Lar” ou “Zonas Inferiores”(que são como “extensões” espirituais concêntricas da Terra física, se é que podemos nos referir dessa forma) como o relatado “Umbral”. Allan Kardec e os Espíritos estão falando de planetas físicos, como a Terra, Marte e etc. Tanto o é, que o Espírito que respondeu à pergunta disse: “São posições  intermediárias  entre  os  outros  mundos”. Ou seja, nem Mundos Primitivos, nem Mundo de Provas e Expiações como a Terra e muito menos Mundos Felizes. E mais na frente Allan Kardec pergunta:

”São eles  ao mesmo tempo habitados por seres corpóreos ?”

Ou seja, seres corpóreos, encarnados, que estariam adaptados a este planeta em questão. Ao que os Espíritos respondem:

“Não, sua superfície é estéril. Os que o habitam não precisam de nada.”

Ou seja, são planetas onde habitam somente Espíritos e não seres corpóreos, encarnados. Dessa forma, a superfície poderia sim ser estéril, como é o caso do planeta Marte, onde, segundo “O Livro dos Espíritos”, na época em que a comunicação foi passada, era habitado por Espíritos Inferiores. Os que o habitam não precisam de nada que dê suporte a uma vida física como a conhecemos....

Mais a frente continua a autora.

1º)  As  necessidades  físicas  de  que  se  queixam  os  Espíritos  são  apenas “impressões”;

2º)  Os  Espíritos  não  precisam  de   repouso,  nem  obviamente  de  alimento,  posto que  não  possuem  órgãos  em  que  as  forças  tenham  de  ser  restauradas,  nem muito menos aparelho digestivo, sistema circulatório, nervoso ou genésico;

3º) O sofrimento do Espírito é totalmente  moral, e não físico.

1)
    Sim, são impressões psicológicas, mas que não podem ser classificadas como “apenas”, para eles são tão reais quanto as físicas são para nós, porém são morais, entenda-se, psicológicas.  Assim como para uma mulher que passa por uma gravidez psicológica é crente de que realmente está grávida(o reflexo do seu estado mental é tão forte que a barriga chega a crescer, pode ocorrer ausência de menstruação, enjoos, e até mesmo escurecimento dos mamilos, crescimento dos seios e produção de leite) . Esse é um exemplo muito claro do que pode ocorrer ao períspirito quando submetido a uma auto-sugestão rigorosa. Se o corpo físico pode modificar-se por uma auto-sugestão, quem dirá o períspirito, muito mais sutil e plástico.....

2)  
    O Repouso Moral que foi dito pelo Espírito da codificação, trata-se do repouso psicológico, de fato não precisam de alimentos como nós, porque nós, pelo menos em essência, precisamos deles para a manutenção do nosso corpo, é uma necessidade biológica.....Mas.... como é gostosa aquela picanha heim ? Lembro do gosto dela até hoje.... hummm e aquela lasanha de “dar água na boca”, só de pensar nela me vem o cheirinho na memória, hummm, está me dando fome ! Aposto que você, caro leitor, lembrou-se de uma picanha inesquecível que comeu não é ?! Essas não são necessidades biológicas, mas sim psicológicas ! Eles não possuem órgãos como os nossos no sentido fisiológico, mas no sentido estrutural sim, possuem, por ser um reflexo do estado mental inconsciente, é pelo mesmo motivo que em comunicações os Espíritos relatam possuir mãos, braços, pernas, cabeça e etc. Fica a pergunta, se ficam surpresos de enxergarem um fac-símile do corpo físico com mãos, unhas, cabelos e etc, por que motivo não ocorria o mesmo com os órgãos ? As aparências permanecem por um reflexo mental, apesar de maleáveis, porém a fisiologia não é mesma.
    
    3)
    Com o exposto acima, dá para compreender o que quer dizer essa proposição.

Finaliza a autora....

“Diante  das  palavras  esclarecedoras  de  Allan  Kardec,  podemos  asseverar  da inexistência  de  lugares  determinados  no  plano  espiritual,  destinados  à purgação  de  penas,  como  o  ‘umbral‘,  ou  lugares  semelhantes  às  cidades materiais  terrenas,  com  belezas  naturais  e  construções,  para  abrigar  Espíritos errantes aos moldes de Nosso Lar.”

De fato, não há lugares determinados e fixos no plano espiritual para isso, “Umbral” nada mais é do que o resultado dos pensamentos doentios projetados na matéria que é sensível ao pensamento dos que lá se encontram. Onde houver uma aglomeração de Espíritos doentes, lá haverá um “Umbral”, os retire todos de lá e os “Umbrais” desaparecerão desses lugares.

Vale lembrar que “Nosso Lar” e “Umbral” não são tratados apenas na obra introdutória cujo título é “Nosso Lar”, nas obras seguintes, que integram todos os relatos de André Luiz sobre “Nosso Lar”, o autor espiritual nos diz sobre a natureza dessas regiões inferiores:


Umbral, situado entre a Terra e o Céu*, dolorosa região de sombras, erguida e cultivada pela mente humana, em geral rebelde e ociosa, desvairada e enfermiça.” (Do livro “Ação e Reação” - André Luiz / Chico Xavier);

*Céu: Não confundir com o Céu Teológico*

O estado de tribulação é pertinente ao espírito e não ao lugar. Esses lugares não são infelizes, de vez que infortunados são os irmãos que os povoam...” (Do livro “E a Vida Continua” – (André Luiz / Chico Xavier);


Sim, há colônias espirituais como “Nosso Lar”, aqueles que vivem a prática mediúnica sabem muito bem disso. Assim como aqueles que saem do corpo de forma lúcida e consciente também o sabem.


***

Cabe ressaltar mais uma questão sobre a obra de André Luiz psicografada por Chico Xavier:

Recentemente, um artigo que liderado pelo Dr. Giancarlo Luchetti, levantou em toda a obra de André Luiz, todas as informações sobre a glândula pineal e comparou-as à luz do conhecimento científico da época em que os livros foram escritos e também com os conhecimentos que a ciência obteve nos últimos 20 anos.

A título de informação, durante toda da década de 1950, os artigos médicos sobre glândula pineal publicados na literatura científica não somam uma centena. Na última década, ultrapassaram os dez mil artigos.
O resultado encontrado pelos autores do artigo, que teve Luchetti como líder, mereceu publicação na respeitada científica “Neuroendocrinology Letters", foi surpreendente. André Luiz antecipou informações que foram postuladas, pesquisadas e confirmadas 60 anos após a publicação de “Missionários da Luz”, continuação de “Nosso Lar”.

A publicação do artigo intitulado “Historical and Cultural aspects of pinel gland: comparision between the theories provided by Spiritism in the 1940’s and the current scientific evidence” (Aspectos Históricos e Culturais da glândula pinel: uma comparação entre as teorias apresentadas pelo Espiritismo na década de 1940 e as atuais evidências científicas) representa um marco histórico pois coroa a entrada de Chico Xavier em uma das mais respeitadas bases de dados da literatura médica mundia, o PubMed. O artigo demonstrou que a mediunidade é uma forma não usual de conhecimento e que Francisco Cândico Xavier, através de André Luiz trouxe colaboração inusitada a Ciência Médica.

A aceitação do artigo para publicação, sem exigência de revisão, pode ser entendida como a aceitação que as informações de André Luiz eram cientificamente válidas e apropriadas.
Quem desejar ler o referido artigo, poderá fazer o download em:


***

Conclusão

“Seria interessante diante das considerações propostas uma  releitura  da  Escala Espírita  -  questão  100  de  O  Livro  dos  Espíritos,  como  também  um  estudo  mais aprofundado  dos  processos  de  obsessão,  mistificação  e  fascinação, brilhantemente tratados pelos Espíritos Superiores em O Livro dos Médiuns.”

Sim, essa leitura é muito interessante e necessita ser realmente feita. Acrescentamos também uma leitura mais profunda e atenta a toda obra de André Luiz por intermédio de Chico Xavier. Interessante também se faz a leitura do artigo acima sugerido, bem como a leitura de obras de importantes gigantes, assim como Allan Kardec, da Ciência da Alma, como: Ernesto Bozzano, Gustave Geley, Gabriel Delanne, Oliver Lodge, William Crookes, entre outros. Devemos fazer também a comparação e análise de todo esse conteúdo que nos chegaram por intermédio de vários médiuns, e ouso aqui dizer: até mesmo a codificação espírita escrita por Allan Kardec deve ser analisada e comparada com o conjunto de outras informações importantes que nos chegam do mundo espiritual, afinal a VERDADE deve resistir a tudo, NÃO HÁ PARADIGMA INQUEBRANTÁVEL QUE RESISTA AO GOLPE LANCINANTE DA VERDADE, o Materialismo que o diga ! Tudo deve ser estudado, analisado, comparado, pois se não fizermos isto, corremos o risco de nos apegarmos aos dogmas criados por nós mesmos. Nenhuma área do conhecimento humano é feita por um único homem ou uma única mulher, ao contrário, grandes homens e mulheres em conjunto constroem ao longo da história esse castelo imponente aos nossos olhos, que é a ciência, mas que ainda é de areia em face ao conhecimento universal.

O demasiado apego aos conceitos e o misoneísmo que escraviza a mente da maioria dos seres humanos é crime de lesa-progresso.

FIM


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