“O espírito humano lida com a força mental, tanto quanto maneja a
eletricidade, com a diferença, porém, de que se já aprende a gastar a segunda,
no transformismo incessante da Terra, mal conhece a existência da
primeira, que nos preside a todos os atos da vida”-André Luiz
O tema já foi discutido ao longo dos anos, objeto de
inúmeros estudos e amplamente abordado pelo Espiritismo, bem como pela
Psicologia por Freud, Jung, até os tempos atuais. Também é vasto! Tanto os
tipos como os estudos, situações em que acontecem, motivos... neste post
trataremos de um deles.
Digo trataremos pois é um post feito em conjunto, mesclando
textos do querido Alexandre Filho (www.almateca.tk)
e meus. Boa leitura!
A sugestão mental pode ser definida como
a ação exercida pela vontade por um indivíduo A, o
operador, sobre um indivíduo B, o sujet. Todos nós somos, mais ou menos
sensíveis à esse tipo de influência, que pode ser exercida em diferentes
estados de consciência, desde o estado normal, passando pelo sono, e chegando
aos estados alterados de consciência, como os transes mediúnicos e hipnóticos.
Camille Flammarion, em A Morte e o seu
Mistério, Capítulo V, diz:
"Entre as diversas
manifestações do nosso ser psíquico, uma das mais notáveis é, seguramente, a
ação da vontade humana sem o concurso da palavra ou de algum sinal, e a
distância.
A vontade é uma faculdade
essencialmente imaterial, diferente do que se entende geralmente por
propriedades da “matéria”.
Podeis atuar sobre o cérebro de
outra pessoa pela tensão de vosso espírito. Num teatro, numa igreja, a alguns
metros atrás dela, podereis obrigá-la a voltar-se sem que suspeite da vossa
ação, sem conhecer a vossa presença. A experiência é muito comum e, excluindo
os casos provenientes do acaso, ainda fica um número respeitável de
averiguações certas. Acontecerá o mesmo pelo que respeita a uma pessoa
desconhecida."
O ilustre cientista continua mais a
frente:
"Têm-se escrito obras completas
sobre a sugestão mental, e os exemplos que a comprovam são inúmeros. Nas
experiências realizadas por Charcot, na Salpêtrière, e pelo Dr. Luys, na
Charité, eu mesmo observei, outrora, muitos. Um dos casos mais notáveis é
talvez ainda o das experiências de Pierre Janet, no Havre, numa excelente
camponesa, mãe de família e não nevropata. O que ele lhe ordenava, a muitos
quilômetros de distância, recebia-o ela mentalmente, obedecendo-lhe com uma
precisão absoluta e sem que disso pudesse ser avisada por outra qualquer
maneira."
É uma área que merece todo um estudo
sério e pautado em princípios éticos, pois demonstra como nós, Espíritos, somos
mais vulneráveis do que imaginamos ser. Somos todos Espíritos, porém alguns
encontram-se no estado encarnado, ou seja "vivo" e outros no estado
desencarnado, ou seja "mortos", dessa forma, a Sugestão Mental é,
portanto, uma ação entre Espíritos e assim podemos analisar
as seguintes possibilidades, envolvendo
o processo de sugestão mental nos quadros obsessivos:
I) Encarnado para
Encarnado;
II) Desencarnado para Encarnado;
III) Encarnado para Desencarnado;
IV) Desencarnado para Desencarnado;
I) Encarnado para Encarnado
Nesse caso, temos duas pessoas
encarnadas, e uma agindo por Sugestão Mental em outra, que a obedece. Vejamos
um experimento feito pelo Dr. Ochorowicz, presente em sua obra "A Sugestão
Mental":
“Uma noite, terminado o seu ataque
(incluindo a fase do delírio), a doente adormece tranqüilamente. Acordando de
súbito e vendo-nos sempre perto dela, a mim e à sua amiga, pede-nos que
partamos, que nos não cansemos inutilmente por ela. Tanto insistiu nisso que,
para lhe evitarmos uma crise nervosa, saímos. Descia a escada vagarosamente
(ela morava no 3º andar) e parei algumas vezes, aplicando o ouvido, turbado por
mau pressentimento (dias antes havia-se ferido bastante). Já no pátio, parei
ainda uma vez, pensando se devia partir ou não. De repente, abriu-se a janela
com fragor e vi que o corpo da doente se debruçava sobre o peitoril, num
movimento rápido. Precipitei-me para o lugar onde ela podia cair e
maquinalmente, sem ligar ao fato a menor importância, concentrei a minha
vontade com o fim de me opor à queda. Era uma insensatez; imitava com isto os
jogadores de bilhar que, prevendo que vai falhar a carambola, tentam deter a
bola com gestos ou palavras.
Entretanto, a doente, já inclinada
para o vácuo, parou e recuou lentamente, em movimentos bruscos.
A mesma manobra repetiu-se cinco
vezes seguidas, até que a doente, fatigada, ficou imóvel, as costas apoiadas
contra a janela sempre aberta.
Não me podia ver; eu estava na sombra;
era noite. Nesse momento, a Srta. X., amiga da enferma, acudiu a prendeu-a
pelos braços. Ouvi-as debaterem-se e subi depressa as escadas para socorrê-las.
A doente tinha um acesso de loucura. Não nos reconheceu, tomando-nos por
ladrões. Não consegui retirá-la da janela senão fazendo-lhe a pressão dos
ovários que a forçou a cair de joelhos. Procurou morder-me em diversos
momentos, e só depois de muito lutar, vinguei conduzi-la ao leito. Por fim
adormeci-a.
Caída em sonambulismo, as suas
primeiras palavras foram estas:
– Obrigada e perdão!
Contou-me então que queria a todo
transe atirar-se pela janela, mas que sempre que isso tentava se sentia detida
por uma força que partia de baixo.
– Como assim?
– Não sei...
– Suspeitava da minha presença?
- Não. Era justamente porque o
julgava longe que eu queria realizar o meu intento. Parecia-me entretanto, por
momentos, que o senhor estava a meu lado ou atrás de mim, e que se opunha a que
eu caísse.”
Ochorowicz relatou ao
todo 14 sessões levadas a efeito de 2 de Dezembro de 1885 a 5 de Fevereiro de
1886, durante as quais ele fez um número enorme de experiências de sugestão
mental, com grande êxito e com a mesma srª. M.
Ochorowicz teve a
oportunidade de registar outros casos semelhantes ocorridos com diversas
pacientes tratadas por ele em sua clínica.
*
Muitos outros casos análogos são
registrados na literatura por diferentes autores, esse é apenas um caso
ilustrativo para que possamos ter uma ideia do processo da Sugestão Mental.
Muito mais pode ser encontrado nas obras supracitadas.
Passemos agora a análise do segundo
caso:
II) Desencarnado para Encarnado
Allan Kardec, na pergunta 459 de "O
Livro dos Espíritos" pergunta aos imortais:
459. Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em
nossos atos?
“Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto,
que, de ordinário, são eles que vos dirigem.”
A resposta acima parece chocante, a uma
primeira vista, se não conhecemos a Sugestão Mental. Passa uma ideia de que
nada mais seríamos que marionetes nas mãos dos Espíritos desencarnados,mas não
é bem assim e mais a frente abordaremos esse aspecto. Para ilustrar esse caso,
nada melhor do que um trecho, em áudio, do livro psicografado por Chico Xavier,
do autor André Luiz, Sexo e Destino, onde 2 Espíritos, por meio de
Sugestão Mental, induzem um Encarnado a fazer uso de Álcool: https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=KZFLUyP3vFA
III) Encarnado para Desencarnado
Por
parte dos que ainda estão na carne, redundam em fixação mental naqueles que
desencarnaram, retendo-os às reminiscências da vida terrestre. Essas emissões
mentais constantes, de dor, revolta, remorso e desequilíbrio terminam por
imantar o recém-desencarnado aos que ficaram na Terra, não lhes permitindo
alcançar o equilíbrio de que carecem para enfrentar a nova situação.
Também
a inconformação e o desespero, advindos da perda de um ente querido, podem
transformar-se em obsessão que irá afligi-lo e atormentá-lo.
Pelo ímã do pensamento doentio e
descontrolado, o homem provoca sobre si a contaminação fluídica; no livro “Nos
Domínios da Mediunidade”, André Luiz se refere a um caso interessante de um
homem desencarnado e uma mulher encarnada que vivem em regime de escravidão
mútua, nutrindo-se da emanação um do outro. Ela busca ajuda na sessão do
trabalho desobsessivo realizado por um centro espírita e, com o concurso de entidades
abnegadas, consegue o afastamento momentâneo do espírito obsessor. Bastou,
porém, que o espírito fosse retirado para que ela o fosse procurar, reclamando
sua presença. Há muitos casos em que o encarnado julga querer o reajustamento,
porém, no íntimo, alimenta-se dos fluidos doentios do companheiro desencarnado
e se apega a ele instintivamente.
Em Obreiros da Vida Eterna, André Luiz
descreve cenas de vampirismo em uma enfermaria de hospital. "Entidades
inferiores, retidas pelos próprios enfermos, em grande viciação da mente,
postavam-se em leitos diversos, inflingindo-lhes padecimentos atrozes,
sugando-lhes vampirescamente preciosas forças, bem como atormentando-os e
perseguindo-os", afirma. E confessa que os quadros lhe traziam grande
mal-estar.
Há casos em que ocorre a possessão, onde
temos um grau mais avançado de atuação do espírito obsessor, constrangendo de
forma quase absoluta a ação do obsediado. Kardec a compreendeu como "uma
substituição, posto que parcial, de um espírito errante a um encarnado".
Como se trata de um grau mais avançado, as patologias orgânicas estão sempre
presentes.
Da mesma maneira como existem infecções
orgânicas, acontecem também as fluídicas, resultantes do desequilíbrio mental.
IV - Desencarnado para Desencarnado
Este tipo de obsessão
ocorre em condições idênticas aos outros. No mundo espiritual os seres se ligam
em função das afinidades, desejos e paixões, e a partir daí temos um grande
número de espíritos que são dominados e escravizados por outros espíritos.
Reflexão sobre a Sugestão
Por mais que abordemos o tema, ficam sempre algumas dúvidas,
principalmente a de como evitar a influência nociva, seja espiritual ou não.
Vale lembrar que a sugestão acontece de várias formas, importante refletirmos
sobre elas, desvinculando-nos.
“As pessoas não percebem que vivem quase inteiramente
sob o efeito de sugestão. Desde o nosso nascimento somos rodeados por aqueles
que sugerem certas ideias como verdadeiras, e seguimos as ideias sugeridas. Há
em qualquer lugar muito pouco pensamento original, e isso é
especialmente verdadeiro naqueles níveis que mais atraem a atenção do grande
público, isto é, na política, na religião, e na ciência. Seja qual for o
sistema de pensamento que nos é apresentado, nós o adotamos. Seguimos a
sugestão dada, sem fazer uma tentativa de compreender a base daquilo que é
sugerido. Os alicerces sobre os quais repousa a sugestão feita são aceitos
automaticamente, mesmo nas coisas mais importantes da vida” - registro
estenográfico de uma palestra de Robert Crosbie. “O Poder da Sugestão”
(“The Power of Suggestion”).
Nossa mente consciente é a “sentinela” protegendo
nosso subconsciente das impressões falsas.Assim sendo podemos conceituar que
nossos corpos astrais, mentais e causais tornam-se o templo de nossa verdadeira
“psique” e que devemos tornar-nos o vigilante desse nosso próprio templo.
Viver é observar nossos pensamentos e afinidades que
estabelecemos, assim como existe a sugestão mental nociva, ainda há a que
estabelecemos de modo sadio, seja através de preces, ações, pensamentos;
lembrando que os espíritos sempre nos influenciam e o tipo de companhia espiritual
,muitas vezes, depende da nossa vigilância.
“.. Dezoito companheiros encarnados demoravam-se
em rigorosa concentração_do_pensamento,
elevado a objetivos altos e puros. Era belo sentir-lhes a vibração particular.
Cada qual emitia raios luminosos, muito diferentes entre si, na intensidade e
na cor. Esses raios confundiam-se à distância aproximada de sessenta centímetros
dos corpos_físicos
e estabeleciam uma corrente de força, bastante diversa das energias da esfera
espiritual. Essa corrente não se limitava ao círculo movimentado. Em certo
ponto, despejava elementos_vitais,
à maneira de fonte miraculosa, com origem nos corações e nos cérebros_humanos que aí se
reuniam. As energias dos encarnados casavam-se aos fluidos vigorosos dos trabalhadores
do_plano_espiritual, congregados em vasto número, formando precioso
armazém de benefícios para os infelizes, extremamente apegados ainda às sensações fisiológicas.Semelhantes
forças mentais não são ilusórias,
como pode parecer ao raciocínio terrestre, menos esclarecido quanto às reservas
infinitas de possibilidades além da matéria mais grosseira – André Luiz
Mais uma
vez, como nos mostra a doutrina, somos nós que nos vinculamos com aqueles que
têm as mesmas tendências que cultivamos. Não é tarefa fácil, mas possível.
As orações,
os pensamentos, o Evangelho no Lar são barreiras protetoras pois equilibram o
que anda desequilibrado e claro, a mudança, pois de nada adianta uma oração
feita e logo em seguida seguirmos com a mesma raiva, preguiça, maledicência,
vícios, pensamentos negativos, etc.
…
Alexandre,
agradeço por termos debatido o tema e realizado este post juntos!
Fontes:
Livros:
- Ochorowicz,
J. - A Sugestão Mental;
http://bvespirita.com/A%20Sugestão%20Mental%20(Julian%20Ochorowicz).pdf (livro para download/leitura)
- Robert
Crosbie. “O Poder da Sugestão”;
- Obreiros da Vida Eterna, de André Luiz, por Chico
Xavier;
-“Nos Domínios da Mediunidade”,
de André Luiz,por Chico Xavier;
-"O
Livro dos Espíritos", Allan Kardec;
- “A Morte e o seu Mistério”, de Camille
Flammarion
Sites: www.almateca.tk;guia.heu.nom.br
Foi muito legal fazer esse post junto contigo, Flavinha ! =) Primeiro de muitos =)
ResponderExcluirCom toda certeza!
ExcluirFaremos outros Alê!
Bjs,Flávia =)
Prezada Flávia.
ResponderExcluirA maioria das pessoas ainda não acredita no próprio poder mental. A respeito, consta no livro "Libertação", de André Luiz a seguinte afirmativa: "“Sabemos que a educação, na maioria das vezes, parte da periferia para o centro; contudo, a renovação, traduzindo aperfeiçoamento real, movimenta-se em sentido inverso. Ambos os impulsos, todavia, são alimentados e controlados pelos poderes quase desconhecidos da mente.
O espírito humano lida com a força mental, tanto quanto maneja a eletricidade, com a diferença, porém, de que, se já aprende a gastar a segunda, no transformismo incessante da Terra, mal conhece a existência da primeira, que nos preside a todos os atos da vida.”
É lamentável o desinteresse pelo assunto, pois deveria um dos objetivos principais nos Centros Espíritas.
Divaldo Pereira Franco gravou um cd intitulado "Visualizações Terapêuticas", tratando desse assunto, mas quase ninguém ouviu sequer falar nisso, preferindo ignorar que a força mental é a principal ferramenta do Espírito.
Precisamos, prezada Flávia, desenvolver nosso poder mental no Bem, senão teremos de reencarnar até aprender essa lição básica, ou não?
Um afetuoso abraço e votos de muita paz.
Luiz Guilherme Marques
Amigo Luiz concordo com suas palavras!
ExcluirNosso objetivo está em fazer sempre bom uso, sem dúvida! O bem é o caminho, a vontade a escolha e assim semeamos e colhemos dentro deste contexto.
Bem lembrado amigo, tanto do texto posto quanto do cd.
Agradeço pelos oportunos comentários, grande abraço ,
Flávia
amigos,fiquei interessada em saber sobre a telepatia, podem explorar mais assim como também se nas situações triviais também existe a chamada sugestão mental..sabe, quando alguém que vc esta pensando de repente liga, ou sensações que temos e que até nos arrepiam e as vezes se confirmam, como doenças,mortes,acidentes.é bem interessante o tema!
ResponderExcluirbj
Ola Carol! Obrigada pelo comentário, o tema é vasto mesmo.
ExcluirEm relação a sua pergunta, na realidade pensei em postar um tópico sobre a telepatia para poder esclarecer algumas questões, como as que perguntou.
No momento deixo um link para que você :http://globotv.globo.com/rbs-rs/vida-e-saude/v/especialista-fala-sobre-a-telepatia/2501572/
Bjs,Flávia.
Tenho realizado trabalhos de mentalização visando a cura de pessoas quanto a doenças, vícios etc.
ResponderExcluirVivencio todos os dias esse tipo de trabalho em casa mesmo, sem necessidade de reunião de pessoas no mesmo local.
Cada pessoa pode fazer isso em benefício de outras e de si mesma.
Isso não tem nada de extraordinário, mas é, sim, apenas o que se chama de "desenvolvimento do poder mental no Bem".
Conheço algumas pessoas que realizam esse tipo de trabalho no Bem.
Um afetuoso abraço.
Luiz Guilherme Marques
Amigo Luiz, agradeço por dividir sua experiência! As emissões mentais beneficiam e muito os processos de cura, um lindo emprego de doação de energia em prol do bem.
ExcluirExemplos como o que colocou são relevantes, norteiam o bom uso.
O desejo de restabelecimento em conjunto com a doação de fluidos operam sempre, bom saber que realiza tal método!
Gde abraço,
Flávia.
Nossa que bacana e curioso o texto.
ResponderExcluirUm beijo, para você continue esse lindo trabalho!
Raquel
https://www.facebook.com/BlogPerolaseBotoes
Ola Raquel, obrigada pelo comentário e por acompanhar!
Excluirbjs
Flavia