O post foi solicitado pela amiga
Carolina sobre casamento e as chamadas almas gêmeas na visão espírita. Boa
leitura!
“A simpatia
que atrai um espírito ao outro é o resultado da perfeita concordância de suas
tendências, de seus instintos; se um tivesse que completar o outro, perderia a
sua individualidade”, está escrito em O Livro dos Espíritos – Capítulo 6, Vida
Espírita. Nessa citação é possível desmistificar o termo comumente conhecido
como “alma gêmea”.
O Espiritismo esclarece que não existem dois espíritos
criados um exclusivamente para o outro, mas que podem ter em comum os mesmos
interesses e afinidades. O espírito imortal poderá encontrar em sua trajetória
evolutiva muitos espíritos afins. Essa busca pelo grande amor significa a
aspiração da alma pela felicidade completa.
A pergunta 386 de O Livro dos Espíritos explica que
duas pessoas que se conheceram e se estimaram em vidas anteriores não se
reconhecem, como muitos acreditam; apenas se sentem atraídos um para o outro.
Isso acontece porque as recordações das existências passadas trariam grandes
inconvenientes; mas é claro que existem raras exceções.
Martins
Peralva, no livro “Estudando a Mediunidade” apresenta uma divisão didática dos
diferentes tipos de casamento em 5 tipos distintos, como veremos a seguir. Foi
ainda autor de outras obras
evangélico-doutrinárias como “Estudando o Evangelho”, “O Pensamento de Emmanuel”,
“Mediunidade e Evolução” e “Mensageiros do Bem”.
Tipos de
casamento por Martins Peralva:
a) Afins:
São aqueles formados por parceiros simpáticos, afins, onde há uma verdadeira
afeição da alma. Geralmente, eles sobrevivem à morte do corpo e mantém-se em
encarnações diversas. Pouco comuns na Terra.
b)
Transcendentais: São casamentos afins entre almas enobrecidas, que juntas, vão
dedicar-se a obras de grande valor para a Humanidade.
c)
Provacionais: São uniões entre almas mutuamente comprometidas, que estão juntas
para pacificarem as consciências ante erros graves perpetrados no passado e
simultaneamente desenvolverem os valores da paciência, da tolerância e da
resignação. É o tipo de casamento mais comum existente no planeta Terra.
d)
Sacrificiais: São aqueles que se caracterizam por uma grande diferença
evolutiva entre os cônjuges. Um Espírito de mais alta envergadura que aceita o
consórcio com outro menos adiantado para ajudá-lo em seu progresso espiritual.
e)
Acidentais: São os casamentos que não foram programados no mundo espiritual.
Obedecem apenas à afeição física, sem raízes na afetividade sincera.
O que temos
na doutrina, em relação ao casamento, pode ser bem entendido através destas
perguntas e respostas:
- Qual a função essencial do lar e da família?
Emmanuel – No caminho familiar, purificam-se impulsos e
renovam-se decisões. Nele encontramos os estímulos ao trabalho e às tentações
que nos comprovam as qualidades adquiridas, as alegrias que nos alentam e as
dores que nos corrigem.
- Todo laço de parentesco possui razão de ser?
Emmanuel – Ninguém possui sem razão esse ou aquele laço de
parentesco, de vez que o acaso não existe nas obras da Criação.
André Luiz – Compreendamos que todas as
afeições-problemas em nossa trilha de agora constituem débitos de existências
passadas que nos compete ressarcir e que todas as facilidades que já nos
enriquecem a estrada são instrumentos que o Senhor nos empresta, a fim de
utilizarmos a vontade própria, na construção de mais ampla felicidade
porvindoura e entendamos que a vida nos devolve aquilo que lhe damos.
- Compreendendo-se que muitos casamentos resultam em
uniões infelizes e, às vezes, até mesmo profundamente antipáticas, induzindo os
cônjuges ao divórcio, como interpretar a fase de atração recíproca, repleta de
esperança, que caracterizou o namoro e o noivado?
Emmanuel – Qualquer pessoa que aspire a um título elevado
passa pela fase de encantamento. Esfalfa-se o professor pela ascensão à
cátedra. Conseguido o certificado de competência, é imperioso entregar-se ao
estudo incessante para atender às exigências do magistério. Esforça-se o
acadêmico pela conquista do diploma que lhe autorize o exercício da profissão
liberal.
Laureado pela distinção, sente-se compelido a trabalho infatigável, de
modo a sustentar-se na respeitabilidade em que anela viver. Assim também o
matrimônio.
- Como interpretar as contrariedades e desgostos
domésticos?
Emmanuel – O homem e a mulher aguardam o casamento, embalados
na melodia do sonho, entretanto, atingida a convivência no lar, surgem às
obrigações, decorrentes do pretérito, através do programa de serviço traçado
para cada um de nós pela reencarnação, que nos compele a retomar, na
intimidade, todos os nossos erros e desacertos. Fácil, dessa forma, reconhecer
que todas as dificuldades domésticas são empeços, trazidos por nós próprios,
das existências passadas.
- Como, ante as relações humanas, entender os
conflitos e crises no lar?
Emmanuel – Às vezes, depois dos votos de ternura e fidelidade,
quando as promessas se encaminham para as realizações objetivas, os sócios de
base da empresa familiar encontram obstáculos pela frente. Um deles terá
adoecido e falta no outro a tolerância necessária. Surge a irritação e aparece
o ressentimento. Em outras ocasiões, o trabalho se amplia em casa e um deles
foge à cooperação. Surge o cansaço e aparece o desapreço. Hoje queixas. Adiante
desatenções e lágrimas. Amanhã rixas. Adiante ainda amarguras e acusações
recíprocas. Se um dos responsáveis não se dispõe a compreender a validade do
sacrifício, aceitando-o por medida de salvação do instituto doméstico, eis a
união enferma ameaçando ruptura.
- O que pensar, nesse ponto, dos arrastamentos para
outros relacionamentos?
Emmanuel – Nesse passo, costumam repontar do caminho laços e
afinidades de existências do pretérito convidando esse ou aquele dos parceiros
para uniões diferentes. E será indispensável muita abnegação para que os chefes
da comunhão familiar não venham a desfazer, de todo, a união já enferma,
partindo no rumo de novos ajustes afetivos.
- Qual a conexão entre a consanguinidade e o destino?
Emmanuel – Nos elos da consanguinidade, reavemos o convívio de
todos aqueles que se nos associaram ao destino, pelos vínculos do bem ou do
mal, através das portas benditas da reencarnação.
- De modo geral, quem é, nas leis do destino, o marido
faltoso?
Emmanuel – Marido faltoso é aquele mesmo homem que, um dia,
inclinamos à crueldade e à mentira...O marido ingrato e desleal, em muitas
circunstâncias, é o mesmo esposo do pretérito, que precipitamos na deserção,
com os próprios exemplos menos felizes.
- E a esposa desequilibrada?
Emmanuel – Esposa desequilibrada é aquela mulher que, certa
feita, relegamos à necessidade e a viciação... A companheira desorientada, que
nos amarga o sentimento, é a mulher que menosprezamos, em outra época,
obrigando-a a resvalar no poço da loucura.
- O que foram, em vidas anteriores, os pais
despóticos?
Emmanuel – Quase sempre, os pais despóticos de hoje são
aqueles filhos do passado, em cuja mente inoculamos o egoísmo e a intolerância.
- E o filho rebelde?
Emmanuel – O filho rebelde e vicioso é o irmão que arrojamos,
um dia, à intemperança e à delinquência. Filhos problemas são aqueles mesmos
espíritos que prejudicamos, desfigurando-lhes o caráter e envenenando-lhes os
sentimentos.
- E a filha desatinada?
Emmanuel – A filha detida nos desregramentos do coração é a
jovem que, noutro tempo, induzimos ao desequilíbrio e à crueldade.
- E os parentes abnegados?
Emmanuel – Os parentes abnegados, em que nos escoramos, são os
amigos de outras eras, com os quais já construímos os sólidos alicerces da
amizade e do entendimento, propiciando-nos o reconforto da segurança recíproca.
- Como influi o nosso passado no clima familiar e na
atividade profissional?
Emmanuel – Cada elo de simpatia ou cada sombra de desafeto,
que surpreendemos na família ou na atividade profissional, são forças do
passado a nos pedirem mais amplas afirmações de trabalho na vitória do bem.
- A indissolubilidade absoluta do casamento está na
lei natural ou somente na lei humana?
Emmanuel – É uma lei humana muito contrária à lei natural. Mas
os homens podem mudar suas leis: só as da Natureza são imutáveis.
- Existem casos francamente insolvíveis nos casamentos
desventurados; não será o divórcio o mal menor para evitar maiores males?
Emmanuel – Muitos dizem que o divórcio é válvula de escape
para evitar o crime e não ousamos contestar. Casos nos surgem quais ele
funciona, por medida lamentável, afastando males maiores, qual amputação que
evita a morte, mas será sempre quitação adiada, à maneira de reforma no débito
contraído.
- O que devemos fazer se a presença de alguém nos é
penosa?
Emmanuel – Se a presença de alguém nos é penosa ou difícil ao
coração, anulemos os impulsos negativos que nos surjam na alma e convertamos as
nossas relações com esse alguém numa sementeira constante de paz e luz.
- Que precisamos para vencer na luta doméstica?
Emmanuel – Devemos revestir-nos de paciência, amor,
compreensão, bom ânimo e humildade, a fim de aprender e vencer, na luta
doméstica. No mundo, o lar é a primeira escola da reabilitação e do reajuste.
- Quais são as piores consequências das ligações
carnais desditosas, além daquelas que se apresentam nos sofrimentos das
frustrações ou lesões emotivas?
Emmanuel – É forçoso observar que da afeição sexual
descontrolada surgem muitas calamidades para a vida do espírito, dentre as
quais destacaremos, a par da fascinação ou do ódio, nos problemas da obsessão,
o suicídio e o aborto, como sendo as mais lastimáveis.
- Qual a direção pessoal que devemos adotar para
vencer os dissabores do lar infeliz?
Emmanuel – Evitemos o divórcio, tanto quanto possível, e
combatamos o aborto e o suicídio com todos os recursos de raciocínio e
esclarecimento de que possamos dispor. O divórcio adia o resgate. O aborto
complica o destino. O suicídio agrava todos os sofrimentos.
André Luiz – Valorizemos o tempo, para que o tempo
nos valorize e permaneçamos em equilíbrio sem afetar aquilo que não somos, em
matéria de elevação, conquanto reconhecendo a necessidade de aperfeiçoar-nos
sempre. Se erramos, estejamos decididos à corrigenda, agindo com sinceridade e
trabalhando fielmente para isso.
- Por mais ríspidas se façam as lutas, no casamento, é
melhor permanecer dentro delas?
Emmanuel- pagar, é libertar-se, aprender é assimilar a lição.
Obras consultadas: Livro dos Espiritos; Leis do Amor- Francisco C.
Xavier e Waldo Vieira; Coragem-Francisco C. Xavier; Caminhos da Volta-Francisco
C. Xavier. Informacao Revista Espírita Mensal.
Outras Fontes:
www.rcespiritismo.com.br; http://compreendereevoluir.blogspot.com.br
Excelente! ótimo trabalho!
ResponderExcluirAgradeço querida Águeda, bjs!
ResponderExcluirObrigada pela publicação! O assunto é longo, admiro a doutrina, explica muito bem dúvidas que tenho e faz sentido. Desejo sucesso, gosto bastante quando comenta a doutrina.Bom entender sobre o casamento, é possível casar no espiritismo?Desculpe,s muitas perguntas,abs!
ResponderExcluirSinta-se à vontade para perguntar Carol.
ResponderExcluirEm um casamento espírita não há cerimônia religiosa, pois o Espiritismo não instituiu sacramentos, rituais ou dogmas.Quando o casal é espírita e deseja realizar a cerimônia civil, uma prece poderá ser feita por um familiar dos noivos (não é preciso convidar um presidente de centro, um orador espírita, um médium). Abraços!
Conviver não é fácil. Num primeiro momento somos levados pela lei de atração e ocorre todo aquele bem estar na presença do amado(a).
ResponderExcluirA paixão é uma sensação bastante agradável mas ao mesmo tempo nos agita e quando passa é como se nada tivesse acontecido. No dizer de Joanna de Ângelis, paixão é como fogo na floresta, depois que passa só resta cinzas. O amor é calmo, tranquilo, seguro, existe até mesmo sem a presença da pessoa amada.
Concessões fazem parte de um casamento. Não buscar culpados. Buscar soluções.
Penso que a separação é inevitável quando o respeito acaba.
Sem confiança e sem respeito, nenhum casamento suporta.
Parabéns" Luzes" e a Simone pela sugestão do assunto, sempre tão atual.
Perdão, em tempo CAROLINA E NÃO SIMONE.
ResponderExcluirBjs
Verdade amiga, o casamento é uma grande lição onde exercitamos o respeito, entendimento, etc.
ResponderExcluirPaixão entra num outro patamar, embora seja muito recorrente também.
Em algumas situações o divórcio se faz necessário, sendo preciso refletir antes de qualquer decisão.
Agradeço o comentário! grande bj!
Quando a união acontece, por esses diversos motivos bem explicados nesse post(parabéns Flávia), temos que procurar acima de tudo viver no amor e para amar, assim nos tornamos cada dia mais leves e menos parte desse sólido mundo.
ResponderExcluirTenho certeza que todos conseguiram se encaixar em um dos 5 tipos de casamento de Martins Peralva.
E que bom saber que pra estarmos casados não necessitamos de cerimônia, me faz "leve".
Abraços
Oi Luciana, sim em algum destes 5 tipos nos encaixamos. Não há necessidade de cerimônia pois não necessitamos de uma aprovação divina, visto que o acaso não existe e muito provavelmente a escolha tenha sido feita e consentida antes de nosso retorno físico.
ResponderExcluirO amor, o respeito, o compromisso devem ser sentidos no coração onde assumimos nossas responsabilidades e não em um ritual, de acordo com a doutrina. Abraços,obrigada pelo comentário, Flávia.