A questão do livre arbítrio é discutida não
apenas pelas religiões como também pela filosofia, onde o tema buscou
compreender a extensão e suas implicações desde a Antiguidade até os dias de
hoje.
Mas o que vem a ser o livre arbítrio, se em
muitos casos não fomos nós que fizemos aparentes escolhas?
O Espiritismo vem explicar que existem
escolhas que foram feitas no plano espiritual, solicitadas pela consciência de
erros e aprendizados que ainda são necessarias para a evolução; assim explica
que o livre arbítrio opera enquanto encarnado como também quando desencarnado.
O destino é conseqüência de nossos atos e de
nossas livres resoluções, lembrando que existem leis operando em nossas
escolhas, como a de causa e efeito por exemplo.
Assim, a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória, necessária e
inevitável, porque Deus é Pai é Justo e
benevolente.
Muitos que não comprendem o livre arbítrio podem imaginar que Deus é uma
figura impiedosa, capaz de castigar ; se nem nós somos capazes de negar a um filho
nosso amor, como imaginar que Deus assim faça?
Não apenas fazemos escolhas, como somos responsáveis por estas, que nada
mais é do que a obrigação de responder pelos próprios atos.
Como nos ensinou o apóstolo Paulo de Tarso: “tudo nos é lícito, mas nem
todas as coisas nos convém”. Com tal assertiva, o maior divulgador do Evangelho
pretendia nos mostrar a importância da liberdade de escolha, uma vez que se uma
pessoa quer receber da vida a felicidade, deve promover felicidade, a paz e o
amor não somente em suas ações, mas, também, em seus pensamentos e conversas.
Como tudo depende do grau evolutivo de cada um, o exercício pelas provas
que a vida oferece, permite –nos
adquirirmos, pouco a pouco, a aptidão de eleger entre os vários caminhos
a percorrer, o que é fundamental, pois se não fosse pela oportunidade da
liberdade e do trabalho, esse divino instrumento de crescimento
intelecto-moral, as criaturas humanas permaneceriam em seu estado de infância
espiritual.
As expiações que vemos são meios de reconduzir rumo a evolução, através
do aprendizado, a conduta do passado (de outra existência).
Se assim não fosse, seria mesmo Deus injusto ao permitir doenças,
desvios ou lesões a alguém que somente dispõe de uma única existência –
enquanto uns passariam sua única existência no conforto e na alegria, outros
padeceriam por que “Deus assim quis”; não há campo para o acaso quando se
observa com o olhar da lógica.
As pessoas que se excedem na busca do dinheiro, com o mau uso da
inteligência e astúcia, em detrimento do direito de seu próximo, por essa
infeliz opção, estarão programando difíceis reencarnações, nas quais,
certamente, virão com lesões cerebrais, como conseqüência de seus próprios atos
menos nobres que danificaram energeticamente o corpo espiritual. Podem vir
reencarnados nas vestes de mendigos para aprender a dar o verdadeiro valor ao
ganho material, assim como ao bem estar alheio. Também os homicidas e os
suicidas acarretam graves distúrbios dessa ordem, em virtude da lesão
perispiritual que será sanada, tão somente, pela reencarnação provacional e
reparadora. Portanto, não é por acaso que as pessoas portadoras de tais
deficiências passam por tais situações, sendo merecedores de muita compreensão
e amor, a fim de que possam vencer a si mesmos. Cada situação é particular,
impossível julgarmos ou prevermos adequadamente as causas e efeitos num
primeiro olhar, pois anda temos aplicadas as leis atenuantes ou agravantes.
…”Por uma questão de lógica, tratando-se de livre-arbítrio, não serve de
escusa aos atos reprováveis a deficiência das faculdades intelectuais causadas
pela embriaguez, porque é o ébrio quem voluntariamente se priva da razão,
visando satisfazer suas grosseiras paixões” (questão nº 848, L.E.).
Alguns poderão questionar diante do livre arbítrio a ação dos anjos de
guarda ou mentores espirituais (ou guias), lembramos que Deus nos permite a presença
espiritual destes para nos auxiliar durante a jornada donde devemos realizar as provas e expiações por nós mesmo
escolhidas; porém está em nossas mãos a
tarefa. Assim é que os mentores nos inspiram bons pensamentos, ofertando a
melhor opção do bem, da saúde e da paz, cabendo a cada indivíduo, por meio do
livre-arbítrio, eleger o seu futuro com a ação do presente.
Sim, somos livres para realizar nossas escolhas e se existem as
encarnações de pessoas com lesões, mutilações ou doenças por exemplo é porque
Deus lhes propicia uma nova oportunidade, expiando o que lhes compete aprender
ou ensinar, já que nenhuma ação está livre de seu efeito assim como também não
dura a eternidade, mas apenas uma existência e sempre para o bem próprio e/ou
da família.
“Digo-te que dali não sairás enquanto não
tiveres pago até o último ceitil!”
O Mestre reportava-se a resgates dolorosos, a
difíceis prestações de contas e as conseqüências desastrosas de atos
irrefletidos, quando assim falou.
Essas mesmas palavras se aplicam também ao
recebimento de verdadeiras recompensas pelos atos bons, à prestação de contas
com juros, até no campo do bem e com vistas a prêmios concedidos a
trabalhadores dignos.
Assim temos o livre arbítrio sempre envolto
pela nossa responsabilidade, ao passo que somos livres para escolher, somos responseveis
pelas escolhas e pelo que delas decorrer.
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