O problema da "Verdade" é por si só muito complexo, é objeto de estudo de muitas disciplinas filosóficas como a lógica e a epistemologia, chegando até mesmo a ser relativizada por alguns filósofos. O objetivo desse post não é falar acerca da verdade em si, mas refletir sobre como ela, em sua definição comumente aceita, é usada pelos seres humanos para a manutenção dos seus interesses pessoais ou coletivos.
Como não acredito em "Verdade Relativa", uma vez que a própria frase "A Verdade é relativa" reclama para si o seu valor "Verdade" - caso contrário não teria sido nem mesmo proposta - , usemos, como ponto de partida, uma definição na qual os seres humanos de fato usam, conscientes ou inconscientemente. Segundo o Dicionário Priberam temos que verdade é:
1. Conformidade da .ideia com o .objeto , do dito com o feito, do discurso com a realidade. ≠ ERRO, ILUSÃO, MENTIRA
Conformidade do discurso com a realidade, eis o conceito de verdade aceito, na prática, pelos seres humanos. É colocando esse conceito em prática que as engrenagens da convivência humana trabalham.
Por que será que temos tantos cartórios lotados de pessoas todos dias em busca de, entre outros serviços, autenticar cópias de documentos ou validar a firma de alguém ? Porque a possibilidade de alguém usar uma cópia de um documento falso(não Verdadeiro) ou falsificar a assinatura de alguém é muito alta ! E por que essa possibilidade é alta ? Neste momento chegamos ao ponto capital do nosso post e a resposta se encontra no título: ...para a manutenção dos seus interesses, independentemente dos interesses de outrem.
Nós, os seres humanos encarnados, em geral, em nosso atual de estado de evolução somos guiados pelos nossos interesses pessoais, numa escala que varia entre o saudável e o patológico. Isso é o simples resultado da observação. Allan Kardec, em uma magistral pergunta aos mentores espirituais em "O Livro dos Espíritos, indagou:
913. Entre os vícios, qual o que podemos considerar radical?
— Já o dissemos muitas vezes: o egoísmo. Dele se deriva todo o mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos existe o egoísmo. Por mais que luteis contra eles, não chegareis a extirpá-los enquanto não os atacardes pela raiz, enquanto não lhes houverdes destruído a causa. Que todos os vossos esforços tendam para esse fim, porque nele se encontra a verdadeira chaga da sociedade. Quem nesta vida quiser se aproximar da perfeição moral deve extirpar do seu coração todo sentimento de egoísmo, porque o egoísmo é incompatível com a justiça, o amor e a caridade: ele neutraliza todas as outras qualidades.
***
E é dessa forma que vemos políticos, muito bem assessorados, mentirem de forma descarada em horário político(ou no alto do púlpito) com um único de objetivo de preservarem seus interesses individuais e coletivos: serem eleitos e conquistar poder e influência.
E é dessa forma que vemos sacerdotes mentirem em suas pregações de forma descarada quando falam de algo que foge do limite de suas crenças com um único de objetivo de preservarem seus interesses individuais e coletivos: atacar a crença alheia e impor a sua.
E é dessa forma que vemos militantes de uma ideia(ateísta por exemplo) mentirem em suas argumentações de forma descarada quando falam de algo que foge do limite de suas crenças com um único de objetivo de preservarem seus interesses individuais e coletivos: atacar a crença alheia e impor a sua.
Não por acaso o interesse é o mesmo entre religiosos e ateus sectários, essa é uma coisa digna de reflexão !
E é dessa forma que vemos jogadores de vários esportes, mentirem de forma descarada(simulando faltas, agredindo outro jogador e se fingindo de santo para o juiz) no campo de jogo com um único de objetivo de preservarem seus interesses individuais e coletivos: vencer a partida.
E é dessa forma que vemos bandidos mentirem de forma descarada em depoimentos ou processos judiciais com um único de objetivo de preservarem seus interesses individuais e coletivos: saírem impunes após violar de alguma forma os interesses de outra pessoa.
915. Sendo o egoísmo inerente à espécie humana, não será um obstáculo permanente ao reino do bem absoluto sobre a Terra?
— É certo que o egoísmo é o vosso mal maior, mas ele se liga à inferioridade dos Espíritos encarnados na Terra e não à Humanidade em si mesma. Ora, os Espíritos se purificam nas encarnações sucessivas, perdendo o egoísmo assim como perdem as outras impurezas. Não tendes na Terra algum homem destituído de egoísmo e praticante da caridade? Existem em maior número do que julgais, mas conheceis poucos porque a virtude não se procura fazer notar. E se há um, por que não haverá dez? Se há dez, por que não haverá mil e assim por diante?
916. O egoísmo, longe de diminuir, cresce com a civilização, que parece excitá-lo e entretê-lo. Como poderá a causa destruir o efeito?
— Quanto maior é o mal mais horrível se torna. Era necessário que o egoísmo produzisse muito mal para fazer compreender a necessidade de sua extirpação. Quando os homens se tiverem despido do egoísmo que os domina, viverão como irmãos, não se fazendo o mal e se ajudando reciprocamente pelo sentimento fraterno de solidariedade. Então o forte será o apoio e não o opressor do fraco, e não mais se verão homens desprovidos do necessário, porque todos praticarão a lei de justiça. Esse é o reino do bem que os Espíritos estão encarregados de preparar.
917. Qual é o meio de se destruir o egoísmo?
— De todas as imperfeições humanas, a mais difícil de desenraizar é o egoísmo, porque se liga à influência da matéria, da qual o homem, ainda muito próximo da sua origem, não pôde libertar-se. Tudo concorre para entreter essa influencia: suas leis, sua organização social, sua educação. O egoísmo se enfraquecerá com a predominância da vida moral sobre a vida material, e sobretudo com a compreensão que o Espiritismo vos dá quanto ao vosso estado futuro real e não desfigurado pelas ficções alegóricas. O Espiritismo bem compreendido, quando estiver identificado com os costumes e as crenças, transformará os hábitos, as usanças e as relações sociais. O egoísmo se funda na importância da personalidade; ora, o Espiritismo bem compreendido, repito-o, faz ver as coisas de tão alto que o sentimento da personalidade desaparece de alguma forma perante a imensidade. Ao destruir essa importância, ou pelo menos ao fazer ver a personalidade naquilo que de fato ela é, combate necessariamente o egoísmo.
É o contato que o homem experimenta do egoísmo dos outros que o torna geralmente egoísta, porque sente a necessidade de se pôr na defensiva. Vendo que os outros pensam em si mesmos e não nele, é levado a se ocupar de si mesmo mais que dos outros. Que o princípio da caridade e da fraternidade seja a base das instituições sociais, das relações legais de povo para povo e de homem para homem, e este pensará menos em si mesmo quando vir que os outros o fazem; sofrerá, assim, a influência moralizadora do exemplo e do contato. Em face do atual desdobramento do egoísmo, é necessária uma verdadeira virtude para abdicar da própria personalidade em proveito dos outros que em geral não o reconhecem. É a esses, sobretudo, que possuem essa virtude, que está aberto o reino dos céus; a eles sobretudo está reservada a felicidade dos eleitos, pois em verdade vos digo que no dia do juízo quem quer que não tenha pensado senão em si mesmo será posto de lado.
E é dessa forma que vemos sacerdotes mentirem em suas pregações de forma descarada quando falam de algo que foge do limite de suas crenças com um único de objetivo de preservarem seus interesses individuais e coletivos: atacar a crença alheia e impor a sua.
E é dessa forma que vemos militantes de uma ideia(ateísta por exemplo) mentirem em suas argumentações de forma descarada quando falam de algo que foge do limite de suas crenças com um único de objetivo de preservarem seus interesses individuais e coletivos: atacar a crença alheia e impor a sua.
Não por acaso o interesse é o mesmo entre religiosos e ateus sectários, essa é uma coisa digna de reflexão !
E é dessa forma que vemos jogadores de vários esportes, mentirem de forma descarada(simulando faltas, agredindo outro jogador e se fingindo de santo para o juiz) no campo de jogo com um único de objetivo de preservarem seus interesses individuais e coletivos: vencer a partida.
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Vejamos o que os mentores da codificação nos disseram mais sobre o assunto:
914. Estando o egoísmo fundado no interesse pessoal, parece difícil extirpá-lo inteiramente do coração do homem. Chegaremos a isso?
— À medida que os homens se esclarecem sobre as coisas espirituais, dão menos valor às materiais; em seguida, é necessário reformar as instituições humanas, que o entretém e excitam. Isso depende da educação.
— É certo que o egoísmo é o vosso mal maior, mas ele se liga à inferioridade dos Espíritos encarnados na Terra e não à Humanidade em si mesma. Ora, os Espíritos se purificam nas encarnações sucessivas, perdendo o egoísmo assim como perdem as outras impurezas. Não tendes na Terra algum homem destituído de egoísmo e praticante da caridade? Existem em maior número do que julgais, mas conheceis poucos porque a virtude não se procura fazer notar. E se há um, por que não haverá dez? Se há dez, por que não haverá mil e assim por diante?
916. O egoísmo, longe de diminuir, cresce com a civilização, que parece excitá-lo e entretê-lo. Como poderá a causa destruir o efeito?
— Quanto maior é o mal mais horrível se torna. Era necessário que o egoísmo produzisse muito mal para fazer compreender a necessidade de sua extirpação. Quando os homens se tiverem despido do egoísmo que os domina, viverão como irmãos, não se fazendo o mal e se ajudando reciprocamente pelo sentimento fraterno de solidariedade. Então o forte será o apoio e não o opressor do fraco, e não mais se verão homens desprovidos do necessário, porque todos praticarão a lei de justiça. Esse é o reino do bem que os Espíritos estão encarregados de preparar.
917. Qual é o meio de se destruir o egoísmo?
— De todas as imperfeições humanas, a mais difícil de desenraizar é o egoísmo, porque se liga à influência da matéria, da qual o homem, ainda muito próximo da sua origem, não pôde libertar-se. Tudo concorre para entreter essa influencia: suas leis, sua organização social, sua educação. O egoísmo se enfraquecerá com a predominância da vida moral sobre a vida material, e sobretudo com a compreensão que o Espiritismo vos dá quanto ao vosso estado futuro real e não desfigurado pelas ficções alegóricas. O Espiritismo bem compreendido, quando estiver identificado com os costumes e as crenças, transformará os hábitos, as usanças e as relações sociais. O egoísmo se funda na importância da personalidade; ora, o Espiritismo bem compreendido, repito-o, faz ver as coisas de tão alto que o sentimento da personalidade desaparece de alguma forma perante a imensidade. Ao destruir essa importância, ou pelo menos ao fazer ver a personalidade naquilo que de fato ela é, combate necessariamente o egoísmo.
É o contato que o homem experimenta do egoísmo dos outros que o torna geralmente egoísta, porque sente a necessidade de se pôr na defensiva. Vendo que os outros pensam em si mesmos e não nele, é levado a se ocupar de si mesmo mais que dos outros. Que o princípio da caridade e da fraternidade seja a base das instituições sociais, das relações legais de povo para povo e de homem para homem, e este pensará menos em si mesmo quando vir que os outros o fazem; sofrerá, assim, a influência moralizadora do exemplo e do contato. Em face do atual desdobramento do egoísmo, é necessária uma verdadeira virtude para abdicar da própria personalidade em proveito dos outros que em geral não o reconhecem. É a esses, sobretudo, que possuem essa virtude, que está aberto o reino dos céus; a eles sobretudo está reservada a felicidade dos eleitos, pois em verdade vos digo que no dia do juízo quem quer que não tenha pensado senão em si mesmo será posto de lado.
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O Objetivo desse post foi relacionar o conceito de verdade com o egoísmo, mostrar como muitas vezes tal conceito é usado para a manutenção exclusiva dos interesses pessoais.
Ter interesses é normal, é isso que nos move até mesmo para o progresso, o que é perigoso é nos cegarmos através dos nossos interesses e não enxergar os interesses alheios e muitas vezes passar por cima deles.
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