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quinta-feira, 8 de maio de 2014

Série Fenômenos Mediúnicos: Psicografia

Foto:Carta psicografada



"A vida não cessa, a vida é fonte eterna e a morte é o jogo escuro das ilusões"  
       André Luiz / Psicografia de Chico Xavier



Amigos leitores, daremos início após a série de entrevistas ao estudo e análise da mediunidade, separando as formas como esta se apresenta, iniciando com a Psicografia. Esperamos que gostem.

  "Sábado, 27 de setembro de 2003. O telefone toca na minha casa, no Rio de Janeiro, no início da tarde.  Do outro lado da linha, está um jovem que me entrevistou para um programa de TV espírita quando fui lançar a biografia de Chico Xavier em Brasília.
- Você conheceu alguma "tia Lourinha" ?
  Eu nunca tinha ouvido falar em alguém com este nome.
Capa do Livro de Marcel S. Maior
- Você poderia checar com sua família ?
  Eu sabia que o jovem, um professor universitário de 35 anos, pai de três filhos, exercitava a psicografia há quinze anos e arquivava, com cuidado e discrição, todas as mensagens transmitidas pelos mortos através dele.
-"Tia Lourinha" enviou alguma mensagem para mim ? - arrisquei desconfiado.
  Depois de pesquisar a vida de Chico Xavier e lançar a biografia do médium em diversos centros espíritas do país, eu já não me assombrava com esta caixa postal entre vivos e mortos.
  
O jovem psicógrafo evitou dar detalhes. Antes precisava confirmar se existiu mesmo alguma tia Lourinha na minha vida.

  Primeiro liguei para o meu pai, Ronan.
-Tia Lourinha ? Não conheço não - respondeu, após alguns instantes de dúvida. Ficou de checar a informação com a família.Em seguida, liguei para a minha mãe, Rose.
-Tia Lourinha ? Claro. Era grande amiga da sua avó, morava na Tijuca, estava sempre com a tia Maria[irmã da minha avó]. Morreu de câncer. Por quê ?
Eu era muito criança quando conheci a tia Lourinha. Tão criança que não guardei nenhuma lembrança dela(nem o apelido estranho). A tia Maria, sim, foi uma figura importante na minha infância(era a tia que me presenteava com frascos e frascos  de perfume todo Natal).

Minutos depois, telefonei para o jovem de Brasília.

- Existiu, sim, uma tia Lourinha.

E veio a confirmação: era ela quem assinava a seguinte mensagem para mim:









Marcel, meu filho,

Eis que do outro lado do rio da vida, volto contente por tudo que nos deu a divindade. 
Sua tia e seu avô pedem que você persevere na grande luta de divulgar a obra do apóstolo do espiritismo Chico Xavier. 
Confie em Deus e siga adiante.
Porque foste chamado ao trabalho e agora não podes abandoná-lo.

Um beijo,
Da tia Lourinha."





Assim começa o primeiro capítulo do livro de  Marcel Souto Maior, "Por Trás do Véu de Ísis", o jornalista e roteirista da TV Globo que dedicou um livro inteiro com o objetivo, de acordo com suas palavras , de "estudar, com objetividade e isenção, um tema tão controverso quanto intrigante: a comunicação entre vivos e mortos". Marcel conta, em seu livro, que naquele dia[dia do recebimento da psicografia], após três meses de palestras e entrevistas incessantes por todo o país, pensava seriamente em reduzir o ritmo da divulgação de seu livro anterior, "As Vidas de Chico Xavier", para mergulhar na sua próxima biografia , um livro desvinculado do universo espírita. Porém, como ele próprio afirma em seu livro - "A mensagem da tia que mal conheci mudou meus planos" -  após o recebimento desta carta ele ganhou um novo ânimo para a elaboração do seu livro inicialmente citado. Marcel, que antes de suas pesquisas declarava-se Ateu, após a confecção deste livro ainda elaborou mais um sobre Chico Xavier e mais recentemente lançou a biografia de Allan Kardec - quem tiver olhos de ver que o veja !  

Mas o fato é que Marcel é um ótimo exemplo de como a fenomenologia mediúnica é capaz de encher de ânimo aquelas pessoas que possuem uma vontade  sincera de descobrir a verdade por trás dos fatos e consequentemente mudar sua forma de ver o mundo. Podemos observar, no caso em questão, que a famosa pergunta que Allan Kardec lança aos Espíritos, em "O Livro dos Espíritos": "Os Espíritos interferem em nossos pensamentos e atos ?" a qual obteve como resposta dos imortais: "Muito mais do que imaginardes, de ordinário, são eles que vos dirigem" se aplica perfeitamente neste caso, onde os Espíritos, para um bem maior, dão uma carga de ânimo a quem trabalha de forma sincera em favor de uma boa causa.

Psicografia

O fenômeno que iremos tratar aqui neste post é um dos mais difundidos da fenomenologia mediúnica, principalmente aqui, no Brasil, onde nós tivemos, sem dúvida, o maior médium psicógrafo de todos os tempos, Chico Xavier , com mais de 400 obras psicografadas, apesar de ter estudado apenas o primário. 

A Psicografia, do grego Psique = Alma e graphé = escrita, caracteriza-se pela escrita dos Espíritos pela mão de um médium. 

É, também, mais um fenômeno que demonstra a interferência de uma mente externa no processo de comunicação, haja vista que não raro o estilo e a forma de se comunicar dos próprios mortos, indiferentes ao médium, são projetadas no papel, algumas vezes em velocidade vertiginosa. Durante as pesquisas, os estudiosos se depararam com médiuns analfabetos escrevendo discursos do mais alto valor filosófico, respondendo, no papel, a perguntas mentais previamente formuladas e recebendo as  respostas escritas em uma língua completamente ignorada pelo médium, casos há em que a letra da pessoa falecida é expressa no papel, e a cada Espírito que se apresenta, uma letra diferente aparece.


Livro De Zalmino Zimmermann
Nos esclarece Zalmino Zimmermann, em Teoria da Mediunidade, página 238, acerca do processo psicográfico:

"O processo psicográfico, em suas linhas gerais, guarda semelhança com o processo psicofônico, tendo como nota diferencial a ação especial dos Espíritos sobre os centros motores, enquanto na psicofonia, o cuidado maior, é com o centro e os órgãos da fala."

Sendo assim:

"No desenvolvimento do processo, a aproximação do Espírito evolui para uma verdadeira justaposição perispirítica, em que o sistema nervoso do médium passa a ser influenciado com crescente intensidade, estabelecendo-se uma interação psíquica entre ambos e possibilitando, assim, a comunicação do Espírito...", diz Zalmino, no livro supracitado, página 207.

A Psicografia no inicio, era realizada através das chamadas:

 Psicografia mediata ou indireta – quando o lápis é adaptado a um objeto qualquer que serve, de certo modo, de apêndice à mão, como uma cesta, uma prancheta, etc..

Psicografia imediata ou direta – quando o próprio médium escreve pegando o lápis como para a escrita ordinária. 

Para que a mensagem ocorresse foram utilizados alguns equipamentos simples, como abaixo podemos observar pelos desenhos abaixo.




Psicografia Indireta










Temos que o início da Psicografia se deu em Paris, a 10 de julho de 1853, quando a um dos mais fervorosos adeptos da doutrina, que há muitos anos, desde 1849, se ocupava com a evocação dos Espíritos: “Vá buscar no quarto ao lado a cestinha; prenda nela um lápis, coloque sobre o papel e ponha-lhe os dedos na borda”. Feito isso, depois de alguns instantes a cesta se pôs em movimento e o lápis escreveu legivelmente esta frase: “Isto que eu vos disse, proíbo-vos expressamente de dizer a alguém; da primeira vez que escrever, escreverei melhor”.


Com a cesta pião a escrita se tornou mais legível. Com este aparelho a cesta volta quando for necessário corrigir ou sublinhar, caso o Espírito desejar. Inclusive o Espírito faz sinal de sim e de não e outras vezes, para dirigir-se a alguém, aponta com o lápis na sua direção.


Assim, inúmeros dispositivos foram imaginados para atingir o mesmo fim. Algumas pessoas substituíram a cesta por uma espécie de mesa em miniatura, feita especialmente, de doze a quinze centímetros de comprimento por cinco a seis de altura, e três pés a um dos quais adaptou um lápis. Os outros dois são arredondados ou munidos de uma bolinha de marfim, para deslizarem facilmente sobre o papel. Outras pessoas se servem de uma tabuinha de quinze a vinte centímetros quadrados, em forma triangular, oval ou retangular, tendo nadas bordas um furo oblíquo para se enfiar o lápis. Colocando-se um papel para escrever, ela fica apoiada num dos lados. O lado que pousa no papel é às vezes guarnecido de duas bolinhas rolantes para facilitar o movimento.

Outros ao invés da cesta-pião usaram um funil com um lápis no gargalo. O que importa conhecer não é o instrumento, mas a maneira de obtenção das comunicações. Se as obtemos pela escrita, seja qual for o suporte do lápis, trata-se de psicografia.

Esses dispositivos não têm nada de absoluto, eles foram usados conforme a comodidade do médium e, quando esse processo foi usado no tempo da codificação espírita foi denominado de psicografia indireta. No uso desses aparelhos eram usados dois operadores, não sendo necessário que ambos sejam médiuns, apenas que um deles servia para ajudar no equilíbrio do aparelho e assim diminuir a fadiga do médium.

Na psicografia indireta o Espírito comunicante age sobre o médium; este, influenciado, move maquinalmente o braço e a mão para escrever, onde geralmente o médium não tem a menor consciência do que escreve. Sua mão age sobre a cesta e esta movimenta o lápis.

Kardec no O Livro dos Médiuns incentiva que todos os esforços devem ser feitos para o seu desenvolvimento, haja vista que é a mais fácil de se desenvolver pelo exercício, porque com ela é possível estabelecer relações permanentes e regulares com os Espíritos, da mesma forma que mantemos entre nós. Através dela os Espíritos revelam melhor a sua natureza e o grau de sua perfeição ou de sua inferioridade, transmitem seus pensamentos mais íntimos o que nos permite apreciá-los e julgá-los em seu justo valor.

E foi exatamente o que aconteceu com a Psicografia, assim podemos afirmar que com o progresso , hoje temos:Tipos de Psicografia



Paramelhor compreendermos não apenas a Psicografia como todas as demais formas de comunicação, importante considerarmos que não podemos em mediunidade olvidar o problema da sintonia, ajuntando: "Atraímos os Espíritos que se afinam conosco, tanto quanto somos por eles atraídos; e se é verdade que cada um de nós somente pode dar conforme o que tem, é indiscutível que cada um recebe de acordo com aquilo que dá". Achando-se a mente na base de todas as manifestações mediúnicas, quaisquer que sejam seus característicos, é imprescindível enriquecer o pensamento, incorporando-lhe os tesouros morais e culturais, os únicos que nos possibilitam fixar a luz.



Intuitiva

São aqueles com quem os Espíritos se comunicam pelo pensamento - muito comuns, mas também muito sujeito a erros, por não poderem , muitas vezes, discernir o que provém dos Espíritos ao que deles próprio emana.
A mediunidade intuitiva se dá pela transmissão do pensamento".

É, também, através da Mediunidade intuitiva, que temos sido agraciados com inúmeras páginas de elevado teor moral, recebidas por diversos médiuns de renomado conceito no meio espírita.
Dá-se, através do pensamento, pois nesse tipo de mediunidade, o espírito comunicante, não pega na mão do médium para que este escreva o que pretende enunciar, é a alma do próprio médium quem elabora o conteúdo da mensagem, traduzindo conforme seus conhecimentos, dentro dos valores morais e intelectuais, que possui, dando forma ao que recebe do espírito desencarnado comunicante, fazendo assim o papel de um intérprete como conhecemos na vida diária.
Daí, a dificuldade de se distinguir o que é realmente ditado por um espírito comunicante, daquilo que faz parte da bagagem intelectual e moral do próprio médium intuitivo.


Allan Kardec, nos esclarece perfeitamente como se processa esse fenômeno, no Livro dos médiuns, que julgamos oportuno transcrever abaixo:

"A transmissão do pensamento também se dá por meio do Espírito do médium, ou, melhor, de sua alma, pois que por este nome designamos o Espírito encarnado. O Espírito livre, neste caso, não atua sobre a mão, para fazê-la escrever; não a toma, não a guia. Atua sobre a alma, com a qual se identifica. A alma, sob esse impulso, dirige a mão e esta dirige o lápis. Notemos aqui uma coisa importante: é que o Espírito livre não se substitui à alma, visto que não a pode deslocar. Domina-a, mau grado seu, e lhe imprime a sua vontade. Em tal circunstância, o papel da alma não é o de inteira passividade; ela recebe o pensamento do Espírito livre e o transmite. Nessa situação, o médium tem consciência do que escreve, embora não exprima o seu próprio pensamento. E o que se chama médium intuitivo.

Mas, sendo assim, dir-se-á, nada prova seja um Espírito estranho quem escreve e não o do médium. Efetivamente, a distinção é às vezes difícil de fazer-se, porém, pode acontecer que isso pouca importância apresente. Todavia, é possível reconhecer-se o pensamento sugerido, por não ser nunca preconcebido; nasce à medida que a escrita vai sendo traçada e, amiúde, é contrário à idéia que antecipadamente se formara. Pode mesmo estar fora dos limites dos conhecimentos e capacidades do médium.
O papel do médium mecânico é o de uma máquina; o médium intuitivo age como o faria um intérprete. Este, de fato, para transmitir o pensamento, precisa compreendê-lo, apropriar-se dele, de certo modo, para traduzi-lo fielmente e, no entanto, esse pensamento não é seu, apenas lhe atravessa o cérebro. Tal precisamente o papel do médium intuitivo".

SemiMecânica

Zalmino Zimmermann, na obra supracitada, página 217, nos diz sobre psicografia semi mecânica:

"Na psicografia semimecânica, o médium, manualmente, acompanha as comunicações em estado consciente. O comunicante, influenciando o cérebro do medianeiro, usa sua mão para se manifestar, enquanto este acompanha o processo em estado consciente, registrando, concomitantemente, o teor do que vai sendo escrito, além, naturalmente das próprias vibrações do Espírito, refletirem seu estado e condição."

...continua:"Interessante anotar, que embora possa perceber o pensamento do Espírito, durante a comunicação, se esta for interrompida, como observou Hermínio de Miranda, o médium não sabe o que virá a seguir, o que mostra que sua participação diz, sobretudo, com a cessão de seus recursos motores para a produção da escrita."

Mecânica

"Na mediunização psicográfica mecânica, o médium permanece, quase sempre, consciente. Levemente desprendido, acompanha o processo quase como um espectador, embora veja sua mão escrevendo, muitas vezes com rapidez, sentindo-a como que entorpecida." - continua Zalmino.

E mais a frente:

"Durante o processo, principalmente na psicografia mecânica, não é incomum o médium, estando consciente, comunicar-se com outras pessoas, ou com o próprio autor espiritual, enquanto sua mão escreve. Também, ainda que raramente, o médium pode ser mediunizado por dois Espíritos, que usando suas mãos, transmitem, simultaneamente, mensagens diferentes."

Camilo Castelo Branco
autor espiritual de Memórias de um Suicída
"O notável médium português, Fernando de Lacerda, que escrevia mediunicamente com ambas as mãos, em prosa e verso, conversava com os amigos enquanto era acionado pelos escritores clássicos portugueses. Às vezes, despachava com a mão direita papéis da repartição em que trabalhava, enquanto psicografava com a esquerda, páginas de Alexandre Herculano, Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco e etc."


"O mesmo acontecia com Mirabelli que, também conversando, psicografava com as duas mãos, teses científicas ou filosóficas, em línguas diferentes(psicografia xenoglóssica)


Psicografias de Mirabeli  em japonês e árabe, respectivamente.

Na imagem ao lado, vemos uma psicografia especular em Inglês, por Chico Xavier, que ignorava o idioma. A mensagem é de Emmanuel, Espírito que dirigia as atividades mediúnicas do médium.

Para ler corretamente a mensagem é necessário colocar em frente a um espelho:

"My dear spiritualists friends. Men's learning is nothing over against of the death; let you support your cross with patience and courage. The pain and faith are the greater earthly sure and the work is the gold of the life."


Tradução:


"Meus caros amigos espiritualistas.O conhecimento dos homens é nulo em face da morte; suportai a vossa cruz com paciência e coragem.A dor e a fé são os maiores tesouros terrenos e o trabalho é o ouro da vida."




Precauções


Hoje, vemos uma verdadeira indústria de livros supostamente psicografados. As grandes mega stores de livros têm sempre, na estante "Espiritismo", livros e mais livros que se supõe ser psicografados. Editoras abertas por médiuns(?) hoje contam com milhares de seguidores no facebook, onde colocam a foto de Chico Xavier seguida de uma mensagem supostamente psicografada pelo médium da editora. E nos perguntamos: o que o Chico Xavier tem a ver com essa mensagem ? Cabe a reflexão.

Psicógrafos Indicados

Temos obras clássicas psicografadas por médiuns de competência comprovada tais como Chico Xavier, com a coleção "A vida no mundo espiritual" de André Luiz, Ivonne do Amaral Pereira com "Memórias de um Suicída",  Divaldo Pereira Franco com livros de Bezerra de Menezes e alguns outros. A pergunta que fazemos é: já deu tempo de lermos e analisarmos tudo que esses médiuns psicografaram ? Só Chico Xavier psicografou mais de 400 obras, muitas delas nem conhecidas, não chegam perto das estantes das mega stores, onde reinam soberanos alguns médiuns midiáticos.

Acreditamos ser de extrema prudência a leitura das obras dos grandes pesquisadores do Espiritismo para que possamos ter um senso crítico apurado e não tomarmos como verdade, conteúdos de fundo completamente anímico vindo de médiuns mais comprometidos com a renda que os livros irão gerar do que com o trabalho sério, lento e gradual por parte dos mentores.

Estudemos sim os livros psicografados, mas com muita prudência e análise, dando preferência aos médiuns de idoneidade já comprovadas, para que não sejamos consumidores de inverdades as quais muito nos farão sofrer mais na frente.

Algumas obras e Estudos sérios sobre Psicografia, lembrando que temos várias e a grande maioria já foi apresentada no blog, videm marcações na coluna da direita para acessarem mais postagens sobre estudos envolvendo o Espiritismo.


A Psicografia já foi fator decisivo em processos judiciais, ainda hoje o são, o que é palco de debates no meio jurídico, podendo o(a) juíz (a) avaliar como prova a constar dos autos processuais.

Há o excelente trabalho de Carlos Augusto Perandréa no qual analisou psicografias a partir da comparação das letras nas comunicações. 
 Um dos casos mais famosos envolvendo a Psicografia em processo judicial foi a psicografia recebida pelo médium Chico Xavier, palco de notícia da mídia o caso  “ESTUDANTE QUE MATOU AMIGO EM CAMPINAS FOI ABSOLVIDO”.


O estudante José Divino Nunes que, em maio de 1976, matou casualmente seu inseparável amigo Maurício Garcez Henrique, num caso conhecido como “roleta russa” e que comoveu a opinião pública, foi absolvido pelo Juiz da 6ª. Vara Criminal, Orimar Bastos, que considerou o delito não  enquadrado em nenhuma das sanções do Código Penal Brasileiro, porque o ato cometido, pelas análises apresentadas, não se caracterizou de nenhuma previsibilidade. O magistrado fez remessa dos autos ao Tribunal de Justiça para apreciação pelo duplo grau de jurisdição.

O Juiz Orimar de Bastos afirmou em sua sentença que “temos que dar credibilidade à mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier, anexada aos autos, onde a vítima relata o fato e isenta de culpa o acusado, discorrendo sobre a brincadeira com o revólver e o disparo da arma”.

Importa ressaltar que o art. 332 do CPC assim dispõe: "todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste código, são hábeis para provar a verdade dos fatos em que se funda a ação ou a defesa".
O art. 155 do CPP, assim dispõe: "o juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial" e ainda reforça em seu parágrafo único: "somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil".
Desse modo, não existem limitações quanto aos meios probatórios em nosso ordenamento jurídico, admitindo-se as provas não específicas nos códigos processuais com base no princípio da liberdade das provas e do livre convencimento do juiz; assim, a prova psicografada pode ser admitida no processo como prova judicial.
Com relação à liberdade probatória, o único limite existente é a vedação da prova considerada ilícita, conforme dispõe o art. 5º da CF, LVI "são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos".
A prova psicografada não se trata de prova ilícita, pois não é colhida mediante violação de direito, quer material quer processual, razão pela qual pode ser utilizada como meio de prova.
O escrito psicografado para valoração no processo terá status de prova documental, uma vez que, de acordo com o art. 232 do CPP "consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares". A doutrina entende como prova documental tudo aquilo que for capaz de documentar um fato desde que seja idôneo.
A psicografia, quando apresentada no processo para valoração, terá caráter de prova documental devendo, portanto, submeter-se a todas as regras concernentes à prova documental.
Assim, a prova psicografada poderá ser analisada pela perícia grafoscópica, que verificará a letra ou assinatura constante na mensagem valorada como prova.


Sobre Animismo e Perda da Mediunidade


A mediunidade de forma geral, seja psicografada ou nas demais categorias a que está subdividida, poderá sofrer o chamado animismo, visto que o médium é aquele que transmite uma mensagem - cabe aqui refletirmos ao menos duas situações:

a) o medo: a insegurança do médium, apresentada logo no início pode ser um fator de apresentar mais animismo. Através do treinamento da faculdade, assim como de estudos aprofundados, hábitos saudáveis (morais) a tendência é a de diminuir o animismo, a fim de que permita uma acoplagem apropriada;

b) a análise: toda e qualquer obra psicografada ou psicofonada deve ser analisada antes de ser considerada de fato um trabalho mediúnico. A FEB realiza essa análise levando em consideração alguns aspectos das mensagens e o cuidado é sempre relevante, seja de obras assinadas por espíritos comuns ou assinadas por personagens ilustres, conhecidos de todos nós. O mesmo fazem os centros espíritas e os grupos onde as mensagens são recebidas;

c) o intuito: uma obra mediúnica tem que necessariamente atender alguns requisitos, se assim podemos dizer, ou seja, temos como ótimo exemplo mais uma vez, Chico Xavier - o intuito de suas obras é claro o de divulgar e difundir informações valiosas (muitas já comprovadas em campos da ciência - videm marcações para leitura) e a renda das obras são revertidas para auxílio de entidades e comunidades carentes. Vamos refletir sobre esta questão: sabemos que a mediunidade é um dom concedido gratuitamente e devem ser transmitidas as comunicações com um intuito elevado, não para que o médium ou um local em que trabalhe venha a lucrar com as comunicações mediúnicas. Fica aí o alerta. Razão pela qual alguns médiuns acabam sofrendo grande animismo se não total animismo - a intenção é um grande fator.

A FEB assim acaba analisando não apenas novos médiuns,mas toda e qualquer comunicação, até mesmo de médiuns conhecidos, pois podem, como já aconteceu e ainda acontece, perderem o dom da mediunidade. Assim, suas obras são apenas romances, como outro qualquer, disponíveis em livrarias - ainda que infelizmente tenham em suas capas a afirmação de que são obras mediúnicas. Daí a importância de estudarmos a fundo, para discernirmos.

Sobre a consciência e o conhecimento

Por fim, deixamos uma mensagem aos leitores e nossos agradecimentos sinceros aos que nos acompanham.

"Filhos, a verdade está  sempre a nosso favor,  usemos com amor ao próximo que ainda não as tem,  aquele que  tira a venda  de outrem , é irmão da boa hora.

É  aquele que  se aproxima do cego e lhe estende a mão,  sem egoísmo ou achismo, assim o coração e a verdade  são curadores oportunos para esta nossa época  de  aflições e perturbações, tenham vocês primeiro aquilo que querem doar,  para doar  é  preciso ter, assim temos em nossos treinos  lições para que vocês,  colegiais,  possam compreender e usar o que  é  de conhecimento. 

Não  se pode transmitir o que  não  se sabe,  sejam  vocês e outros inúmeros irmãos os guias em Terra, de si mesmos e de tantos que vierem. Vou deixá-los agora com este firme proposito  e que estejam convictos de que somente através do saber e do amor  as pontes se estreitam,  estamos todos juntos  na mesma missão de amor e verdade,  graças a Deus. Fiquem com Deus e as aspirações divinas."
- Amaro.







  



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