Queridos leitores, em continuidade ao nosso trabalho de Entrevistas com Renomados do Espiritismo, tivemos a oportunidade de entrevistar o estimado Alamar Régis Carvalho - diretor de tv,analista de sistemas e divulgador do Espiritismo.Para lista completa de entrevistados,verifiquem post anterior.
Muitos de nós já tivemos contato com seus vídeos e livros que em muito auxiliam na divulgação do Espiritismo, nos quais aborda sempre a discussão de variados temas com renomados e atualidades.
É uma pessoa querida e de fácil contato, zeloso com seu trabalho, um divulgador que está sempre pronto a nos conduzir a boas reflexões com informações de qualidade - somos gratos em tê-lo no blog e no site!
Esperamos que gostem e que também reflitam, pois como bem sabemos nossa construção espiritual se dá também pelo conhecimento e auto conhecimento.
"ninguém acende uma candeia e a esconde num jarro ou a coloca debaixo de uma cama. Ao contrário, coloca-a num lugar apropriado, de modo que os que entram possam ver a luz" - Lucas.
ENTREVISTA COM ALAMAR RÉGIS CARVALHO
1) Como se deu, no início, seu interesse pelo espiritismo e como observou a necessidade de divulga-lo ao grande público nacional e internacional?
Quando eu tinha 15 anos, vivia em conflito com a igreja católica, onde fui coroinha, por ter sido expulso pelo padre Francisco Licarião por perguntar demais, por pedir explicações demais sobre as coisas da igreja. Eu era músico, tocava trompete numa pequena orquestra que era convidada de vez em quando para tocar nas festas realizadas pelo Centro Espírita Fé Esperança e Caridade, dirigido pelo velho Aurelino, em Vitória da Conquista, Bahia, e naquele momento já surgia simpatia pelo Espiritismo, ao mesmo tempo em que eu já observava que os vizinhos espíritas eram pessoas melhores na rua onde eu morava. Foi a fase do ensaio.
Mas ali não foi o início, ainda. Quando eu tinha os meus 20 anos, era terceiro sargento da Aeronáutica, vivendo em Belém do Pará, recebi o primeiro “Evangelho, segundo o Espiritismo” de presente do meu amigo Agostinho do Espírito Santo Freire de Alencar, acompanhado de José Bonifácio Silva, ambos também sargentos, mais antigos, que sugeriram-me o Espiritismo, já que eu também questionava demais alguns métodos adotado pela vida militar, sobretudo a prepotência dos que se achavam superiores. De vez em quando eu ia a um centro. Esta foi a primeira fase.
Depois, aos 24 anos, como diretor de televisão afiliada da Globo, ainda em Belém, eu andava empolgado demais, até namorando atriz famosa, entrei num processo de vaidade excessiva, quando fui chamado pelo cinegrafista da televisão, Milton Mendonça, meu subordinado, mas que me deu uma esculhambação, como um pai, e levou-me a conhecer o trabalho que ele havia construído em Belém, a Sociedade Espírita Emmanuel, num bairro pobre da cidade, que era uma escola e um centro. Esta foi a segunda fase. Mas ali era um Alamar apenas freqüentador de centro espírita, com mais assiduidade, escutador de palestras e tomador de passes.
Foi quando surgiu a outra fase, já com 32 anos, quando fui surpreendido pelo suicídio da minha linda esposa, com apenas 21 anos de idade, o que levou a um desespero enorme. Foi quando Jacinto Ferreira de Brito informou-me da necessidade de ESTUDAR o Espiritismo.
Depois que tomei conhecimento do que verdadeiramente era o Espiritismo, não apenas um ritual igrejeiro como a maioria faz, entrei num processo de revolta imenso. Já não pelo suicídio da Zeny, mas pelo fato dos espíritas não divulgarem algo tão maravilhoso que, se eu soubesse antes, teria condições e argumentos para evitar o terrível ato que a vitimou.
Foi daí que surgiu o desafio, para mim mesmo, de partir com garra para a divulgação, a partir do momento que eu consolidasse e firmasse bem o meu conhecimento.
Aí ninguém me segurou mais, parti para a realização de eventos destinados ao grande público, já que eu era conhecido de toda a imprensa era convidado para entrevistas em rádios e televisões e criei a maior coluna espírita no mais destacado jornal da Amazônia, O LIBERAL, que chegou a ser a sua segunda coluna mais lida.
1.a) Como observa a diferença ainda do público brasileiro e estrangeiro diante do espiritismo?
No Brasil “igrejaram” o Espiritismo, em vez de adotarem o modelo Allan Kardec, adotaram o modelo igrejista inventado pelos seus opositores do movimento espírita francês da sua época. Luiz Olympio Telles de Menezes quis fazer o modelo Kardec no Brasil, e foi com este que ele começou. Todavia prevaleceu o modelo igrejista que, inclusive, o abandonou e desprezou totalmente.
O grande problema que o espiritismo enfrenta no exterior é o fato de, na maioria dos países, ser fundado por brasileiros que, lamentavelmente, levaram para lá o modelo igrejista, ou seja, o espiritismo não é nada mais do que religiião, com os seus dogmas e rituais.
2) Em quais mídias já trabalhou? Qual a diferença na sua opinião das mídias em que trabalhou e em qual ou quais teve maior alcance?
Eu inventei as minhas mídias. Lá em Belém eu me utilizava das minhas amizades na grande imprensa e divulgava os eventos e as idéias espíritas pelas diversas emissoras de televisão, rádio e jornais, tanto nas entrevistas como divulgação dos eventos que eu fazia, como nas colunas dos jornais que eu escrevia.
A partir daí tomei a mais audaciosa iniciativa de divulgação da história do Espiritismo, que foi realizar o primeiro programa espírita pela televisão, via satélite, para um país. Comi o pão que o diabo amassou por causa disto, fui altamente repreendido e repudiado pelo movimento espírita do Pará, não por algum crime, má conduta ou deslizes doutrinários, mas porque, em nome da “humildade”, eu não poderia fazer algo de tamanha abrangência. Até hoje essa restrição ainda existe, mais de vinte anos depois, nunca fui convidado a falar no Pará, apesar de fazer palestras no Brasil inteiro e até no exterior, inclusive em grandes congressos, até mesmo no segundo congresso espírita mundial, em Portugal.
Não satisfeito só com o programa de TV via satélite, que ia ao ar todo domingo, ao vivo, já de Salvador de depois de São Paulo, parti para outra iniciativa revolucionária, que foi a criação da “Visão Espírita”, a primeira revista espírita disposta em todas as bancas do Brasil, marco que mudou totalmente a visão e a qualidade gráfica da imprensa espírita brasileira.
Eu outro momento, coloquei no ar, sozinho, a primeira Rede de Televisão Espírita 24 horas, no ar, em novembro de 2004, digital, chegando em todo o País com alta qualidade, mas que não pode prosseguir por todos fecharam as portas para apoiar aquela que não nasceu para ser uma televisão do Alamar e sim de todo o movimento espírita.
Depois vieram outras coisas.
3) Alamar por Alamar - Poderia nos contar resumidamente um pouco de sua história, se veio de uma família espírita, como sua família observa sua atuação de divulgador, suas preferências de obras espíritas?
Não venho de família espírita, pelo contrário, família católica praticante, embora a minha avó e minha tia costumavam fugir de noite, com as cabeças encobertas, para ir ao centro espírita do velho Silvério, em Vitória da Conquista.
A minha família terminou se prejudicando com o meu empenho total no empreendimento de divulgação espírita, em detrimento da minha atividade profissional. Não é culpa de ninguém, foi culpa minha mesmo, pois jamais imaginava que passaria pelo que passei, o que não é bom nem falar com muitos detalhes aqui.
As minhas preferências por obras espíritas são, PRIORITARIAMENTE, o conhecimento total de Allan Kardec, que não se resume a apenas 5 livros, posto que ele é a base e não tem como ninguém contestar isto. Quanto mais estudo Allan Kardec mais identifico o quanto o nosso movimento está na contra mão dele.
4) É perceptível pelo seu perfil no facebook e participação em eventos a abordagem da política. Mencionou no Rede Amigo Espírita, em convite de evento que realizou em 2012 que “Dr. Bezerra de Menezes, Cairbar Schutel, Jesus Gonçalves, Freitas Nobre e vários outros não comprometeram as suas dignidades pelo fato de terem sido políticos.
A iniciativa não se conduz na ilusão de achar que candidatos espíritas, pelo fato de serem espíritas, sejam melhores que os outros e muito menos tem a pretensão de criar grupos espíritas para jogadas de interesses, apenas pretende que, também, o Espiritismo tenha voz na administração pública, representando milhões de cidadãos brasileiros adeptos da doutrina”. Seu livro "Ju$ti$$a Brasileira".também visa mesma abordagem da relevância da política e da atuação de espíritas neste cenário. Qual sua opinião hoje sobre a questão?
A concepção adotada pelo movimento espírita acerca da política chega a ser de uma insanidade sem tamanho, o que se constitui em mais um item que contradiz Kardec, quando nos ensina que por omissão dos bons o mal prolifera. Que os centros espíritas não abram as suas portas para propaganda partidária, isto eu concordo, eu apoio, porque está certo; mas daí a boicotar todo e qualquer espírita que se candidata, mesmo sendo um cidadão íntegro de honrado, a ponto de proibir que ele fale, proibir que fale sobre ele e negar apoio chega a ser uma estupidez, uma vergonha e uma tremenda contradição com uma doutrina sensata.
Enquanto isto os evangélicos estão lá, fazendo os seus lobbys, crescendo cada vez mais em poder.
5) Em seu site, Rede Visão Net, você publicou o seguinte texto: “Somos espíritas, mas não somos adeptos de humildade de fingimento e nem de evolução espiritual, daquele tipo que só existe para impressionar os outros. Esse negócio de viver dizendo "Eu não valho nada, eu não tenho importância alguma" e todo tipo de desmerecimento próprio, não é algo que possa fazer parte da vida de pessoas autênticas, racionais e sérias. Por causa disto acreditamos que as pessoas devem, sempre, ser elas mesmas, se apresentarem como realmente são, dizer o que realmente tem que ser dito, inclusive sem medo de dizer aquilo de bom que elas tem. Masoquismo é algo que não se coaduna com verdade e sinceridade, muito menos com Espiritismo”. Consideramos de suma importância suas considerações, e parece haver ainda a idéia de que ser espírita ou estar envolvido em alguma religião requer necessariamente a manutenção de uma imagem irreal, o que pensa sobre o conceito de resignação, difundido no espiritismo, e vezes, mal interpretado?
Há coisas ensinadas pelo Espiritismo e há coisas inventadas pelo movimento espírita e que é vendida como se fosse Espiritismo. Dentre essas coisas ressaltamos o masoquismo das pessoas, a mania de auto desvalorização para fingir evolução espiritual, a humildade teatralizado, tipo “tô melhor do que mereço”, “eu não valho nada”, “são seus olhos”, “sou pequeninho demais e insignificante” e toda essa postura que em vez de ser atitude positiva, como modelo, termina sendo ridículo, principalmente diante das pessoas mais racionais que saber discernir muito bem entra comportamento autêntico e comportamento de fachada.
Creio até que se não houve mais crescimento no Espiritismo no mundo, esta é uma das razões.
6) Sua atuação no cenário espírita é imensa, tendo tido a oportunidade de entrevistar inclusive renomados espíritas abordando variados temas, difundido a informação de trabalhos e de reflexões importantes. Quais aspectos destacaria dessa busca de entrevistas, como são idealizadas, como gerencia os custos de viagens e gravações e como é trabalhar “dando a cara” para milhares de pessoas?
De fato, entrevistei e registrei para a história encontros com os mais renomados nomes do Espiritismo e hoje tenho um acervo enorme, com imagens e as palavras de espíritas extraordinários que já retornaram à Pátria Espiritual.
Mas isto me custou caro e depois que fui perceber que foi uma das razões dos boicotes que recebi, coisa que não conseguia entender antes. Vou te explicar porque tenho certeza de que você também não sabe:
Qualquer pessoa, qualquer grupinho pode fundar um centro espírita livremente. Mas faz à sua moda, conforme a sua cabeça e não tem ninguém nem órgão nenhum para avaliar, previamente, se a pessoa ou o grupo possui credencial que é o conhecimento sólido da doutrina. Aí conduz um público freqüentador e conhecer o espiritismo no limite dos seus conhecimentos, vendendo apenas os livros que aprovam e convidando expositores que não vão lá para colocar em cheque os seus conhecimentos. Chegam ao ponto até de proibir que o seu público freqüente outros centros, para evitar que eles ouçam opiniões e conceitos diferentes. Pronto, mantém as suas “vaquinhas” no seu curral e ninguém toca.
Aí aparece um cara que invade as casas dessas pessoas, pelo satélite, em todo o país, fazendo-as conhecer os melhores nomes do Espiritismo do Brasil, proporcionando a elas conhecimentos que não conseguem ter naquele centro, é óbvio que essas pessoas vão questionar as diretorias e os “donos” dos centros que vão ficar sem saber o que dizer, porque não sabem o que imaginavam que sabem.
Sobrou pra quem?Para o Alamar que foi o responsável por isto.
Sobre as viagens, que você perguntou, elas geralmente são bancadas, no que diz respeito a passagens e hospedagens, como é de praxe para todo expositor espírita.
7) Seu livro “Mulher,só é boba quem quer” que está a venda pelo site .....foi escrito após suas observações sobre a submissão das mulheres em relacionamentos afetivos? Como avalia o machismo, que ainda é tema atual e causa de inúmeras mortes, como observamos pelos noticiários?
O meu estudo sobre a mulher vem de muito tempo. A origem começou com a minha mãe que foi uma revolucionária contra o machismo. Uma das atitudes dela foi recusar-se a incorporar o nome do meu pai, quando se casou, o que foi um “escândalo” para época.
Comecei a falar contra o machismo e a favor da autenticidade da mulher, numa palestra espírita, por apenas 5 minutos, o que gerou mais de 45 minutos de perguntas e respostas só por causa daquelas citações, o que fez o tema virar uma palestra, que me fez ser aplaudido de pé por várias mulheres em várias localidades, daí inúmeras amizades pelo antigo Orkut, pelo MSN e hoje pelo Facebook, os estudos avançaram, me aperfeiçoei mais e hoje realizo profissionalmente um seminário que felizmente tem ajudado muitas delas, das adolescentes às idosas.
Se ainda há muitas agressões e mortes por causa do machismo, creio que a culpa maior é da própria mulher porque, por incrível que pareça, a mulher é a maior incentivadora do machismo. Isto eu explico bem no seminário.
8) Seu primeiro programa Espiritismo via Satélite foi idealizado em abril de 1996, na cidade de Salvador, com o sr. José Medrado, médium, e outros participantes foi abordado entre os temas a morte. Na sua opinião o número de pessoas que crê na continuidade existencial aumentou? Se sim, como se deu a maioria dessas transformações, através de experiências pessoais ou através de reflexões pessoais? Perguntamos pois seu trabalho em divulgar auxilia não apenas a observação dos fatos que nos cercam diante da existência da continuidade como também da reflexão em si.
Preciso explicar sobre primeiro programa. O primeiro mesmo, que foi o programa piloto, aconteceu em Belém, no dia 16 de dezembro de 1990. Se efetivou, também a partir de Belém, no dia 3 de março de 1996, cujo entrevistado era o maravilhoso Dr. Alberto Almeida, meu amigo querido. Só pude continuar a partir de Salvador, aí sim, com Medrado, em agosto de 1996, porque em Belém o fechamento foi total.
O número de pessoas que chega ao espiritismo é enorme, todos os anos, só que na mesma proporção outros deixam o movimento espírita, pelas razões que já expus. Continuam com as idéias espíritas, mas sem freqüentar centros.
Quem conhece o espiritismo não tem como retroceder, é como um analfabeto que consegue ler, nunca mais consegue mais ser analfabeto.
9) Além de jornalista, escritor , também é analista de sistemas e fez uso de sua ciência para auxiliar a polícia do Pará, assim desenvolveu sistemas para a SEGUP. Dedicou-se a estudar e a pesquisar antes, tudo sobre polícia, e verificou que nenhuma outra polícia do País dispunha de sistema de informatização eficiente. Como foi essa experiência? Como o sistema funciona nos dias de hoje?
Verdade. Eu sempre reagi contra o mesmismo e assim que me tornei Analista de Sistemas resolvi que não me admitiria fazendo apenas o que todo mundo faz. Peguei o desafio de fazer a informatização de algo que pudesse ser impacto no país e escolhi a atividade policial. Foi um impacto, fui pioneiro no Brasil na automação policial, a imprensa toda divulgou, fui notícia na Globo, Bandeirantes e grandes jornais do País, fiz palestras ao lado do Ministro da Justiça para todos os secretários de segurança pública e comandantes de polícias do Brasil, foi um marco.
É óbvio que não teve continuidade, porque no Brasil não há interesse político em controlar nada, e muito menos apoio à polícia, que sempre tem recebido o repúdio de todos, injustamente, principalmente das autoridades.
10) Em certa entrevista o sr. Afirmou” Lembro-me em Belém do Pará, quando, com menos experiência, comecei a ser muito conhecido como espírita, devido a grande coluna semanal que eu tinha no jornal “O Liberal” e também nas entrevistas dadas no rádio e na televisão, sempre disposto a dizer também sobre o que não era Espiritismo. Invariavelmente eu era chamado a atenção por alguns confrades, da União Espírita Paraense, que eu deveria evitar escrever e falar sobre o que não era Espiritismo, sob a argumentação de que o fato de falar sobre o que é, implicitamente está dizendo às pessoas o que não é”. Acreditamos ser fundamental ponderarmos não apenas o que é o espiritismo como igualmente o que não é, pois ainda há confusão como por exemplo espiritismo de Kardec, umbanda, mesa branca, candomblé, magias e etc. Qual sua opinião hoje sobre o assunto?
Este é um outro problema sério do nosso movimento. O pessoal tem mania de querer ostentar uma superioridade espiritual que não tem. Eu nunca suportei isto, nós temos que ser quem realmente somos, sem máscaras. É claro que a gente tem que dizer o que é e o que não é o espiritismo, afinal de contas, lidamos com a ignorância popular.
11) Você saberia o número aproximado de programas que já realizou? Tanto como divulgador quanto em canais de televisão? Qual seria a entrevista que gostaria de ter feito e não pode?
Programas de TV foram mais de 500, mas no total não tenho idéia. Consegui, sim, fazer muita coisa. Eu sonhava entrevistar três pessoas muito especiais: Henrique Rodrigues, Dr. Hernani Guimarães Andrade e Chico Xavier. Henrique e Hernani eu consegui, mas o Chico não.
Mas houve alguma dificuldade? Não, ele assistia ao meu programa e contam vários amigos de Uberaba que ele se dizia meu fã e que gostaria de me conhecer. Uma vez, em 1999, durante o meu programa no ar, chegou um comunicado boato que ele acabara de desencarnar, e eu informei no ar pedindo que alguém confirmasse se era verdade ou não. Na hora ele mandou que me ligasse, dizendo que ele ainda estava vivinho, comendo um bolo de milho na casa de uma amiga e vendo o meu programa. Fiquei super feliz.
Certa vez, ainda, em 1999 ele manifestou o desejo de me receber pra conversar, só que alguém que praticamente não me deixaram chegar até ele, sob umas condições que eu não aceitei, que daria uma história aqui.
Outro especial seria o Divaldo, mas esse é meu amigo, estávamos sempre perto em Salvador e nunca tive dificuldade nenhuma com ele.
12) Na sua opinião, as bases do espiritismo serão mais amplamente conhecidas e estudadas pela ciência, gerando novas discussões, e de certo modo, levando o espiritismo a outros níveis? Pois a base do Espiritismo é toda pautada em Allan Kardec, tendo ainda, infelizmente, não do conhecimento geral renomados autores e cientistas como Leon Dennis, Flammarion, Dellane, entre outros. Seria através da ciência que ocorreria a evolução ou extensão do Espiritismo?
Eu não digo especifica e isoladamente somente pela Ciência, mas pela autenticidade no comportamento espírita. Se eliminarem o igrejismo exagerado, a doutrina de rezação substituída pela doutrina de razão, a disposição para melhor intercâmbio com os espíritos, abolição da cultura masoquista e de auto desvalorização do ser, aí o espiritismo decola no mundo.
Se a maioria dos espíritas não conhecem nem o Livro dos Médiuns, como vai conhecer Flammarion, Dellane, Dennis, Gelley e outros clássicos?
13) Declarou certa feita que “É preferível recusarmos novas verdades a aceitarmos uma mentira”. Acontece que este ensinamento, que é enquadrado mais como um alerta, foi colocado na obra com um objetivo, mas os espíritas, em “exageramento” de dosagem, terminam utilizando-o para restringir ao máximo o exercício da mediunidade, o que constrange por demais os médiuns, até mesmo os sérios, quanto a sua prática. Há outro problema: Ensinam-nos que o Espiritismo passará por várias fases: A primeira seria a da curiosidade, onde o fenômeno será a principal atração, quando esse fenômeno é o nome que dão à prática da mediunidade; depois viria uma fase onde o estudo seria o mais importante até atingirmos uma outra fase que seria a da reforma íntima, com base nos princípios espíritas.
Pois bem. Por causa disto, grande parte da liderança espírita acha que já passamos da tal “fase do fenômeno” e, em decorrência disto, restringem veementemente a prática da mediunidade e hoje encontramos aí muitos centros espíritas sem qualquer atividade mediúnica e outros, quando têm, restringem-se a uma meia dúzia de pessoas, uma vez só por semana, como sempre com aquelas caras fechadas, (dizem que é “seriedade”), parecendo que tá todo mundo em um velório à moda antiga, porque nos dias atuais nem nos velórios encontramos tanta sisudez. O outro grande problema que encontramos é um que, ao meu ver, representa o maior obstáculo: o problema da tal “humirdade”, que é a humildade equivocada”. O que o sr tem a comentar sobre esta questão e também em relação ao animismo, que gera insegurança a um grande número de médiuns, ainda mais quando estes não estão diretamente vinculados a um centro espírita?
Primeiro o movimento espírita concebe o animismo como se fosse algo abominável, repugnante e reprovável, quando não é nada disto que o Espiritismo diz; pelo contrário, o animismo quando traz bons conteúdos é super válido.
O “exageramento” de dosagens, como você cita, é outro grave problema que gera as distorções praticadas pelo movimento, chega a ser um absurdo que distancia cada vez mais a prática espírita daquilo que Kardec ensinou e ele mesmo exemplificou, como mostra claramente a Revista Espírita.
Entender intercâmbio mediúnico como fenômeno, é de uma infantilidade sem tamanho, tranduzindo-se em ridículo. As caras fechadas, que fingem ser seriedade, é algo que afasta as pessoas do centro espírita.
Os espíritas não tem a menor afinidade com os bons espíritos, pois só querem saber de espíritos sofredores, vingativos e maldosos, daí a destinação da maior parte do tempo das mediúnicas para eles.
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Alamar, claramente podemos observar a sua postura, não submissa, diante de algumas "determinações" de alguns setores do movimento espírita brasileiro, algumas
sendo seguidas de forma cega e repetidas de forma autômata por aí, como: "Não precisamos mais dos fenômenos, pois a época deles já passou..." ou ainda "Não se faz reunião mediúnica em casa, somente nos Centros Espíritas",independentemente da natureza da reunião mediúnica. O que pensa a esse respeito, principalmente no último caso ? Acha possível a lucidez espiritual verdadeira sem o contato direto com a mediunidade e os espíritos ?
Esse negócio de proibir mediúnicas em casa é outro dogma estabelecido. Depende do tipo de mediúnica e dependendo do nível das pessoas participantes, elas poderiam, sim, ser realizadas em casa. Agora não vão querer fazer mediúnicas em casa para atender sofredores e revoltados.
Você pode obter a lucidez espiritual sem necessário contato com os espíritos, mas o que levaria alguém a ter receio de ter amigos desencarnados, inclusive para dar gargalhadas juntos?
14)Observamos alguns lugares no quais os trabalhadores não apresentam o mínimo preparo, digo em relação ao estudo,para lidar diretamente com os Espíritos,o que muitas vezes faz com que tais centros nem reuniões mediúnicas realizem. O que pensa da maturidade do movimento espírita em geral, quando se fala do estudo e da reflexão em cima dos fenômenos espirituais ? Hoje vemos relativamente poucos pesquisadores que se destacam no movimento como Clóvis Nunes e Dr. Sérgio Felipe que lembram os grandes do passado, como Dr. Hernani Guimarães e José Herculano Pires, o que pensa sobre isso?
O pior é que tem muita gente boa no nosso meio, com a mesma garra do Dr. Hernani, do velho Herculano, Serginho Felipe e outros, fazendo trabalhos maravilhosos; o problema é que essas pessoas têm medo de se expor. Muitos chegam a dizer: Alamar, eu queria ter a coragem que você tem, para abrir a boca, mas prefiro evitar.
Tem muita gente despreparada, sim, mas também tem muita gente preparadíssima, que sabe muito.
15)Polemista, como o é, sempre o vemos respondendo aos ataques vindos de detratores do Espiritismo.Qual a leitura psicológica que faz de indivíduos como o Quevedo e alguns antigos detratores como René Sudré (devidamente refutado por Bozzano em Metapsíquica Humana) e Robert Touquet que praticamente dedicaram as suas existências a engendrar sofismas contra o Espiritismo?
A leviandade sempre existiu em todas as épocas da humanidade, o fanatismo religioso, o julgar pessoas e causas as quais não conhece, tudo isto sempre fez parte da vida do homem. O que precisa é que tenhamos coragem e não nos deixemos intimidar por causa desses presunçosos. O Quevedo por exemplo, se acha o máximo, se acha uma sumidade e se apresenta como doutor, só que em Teologia, que é uma das matérias mais fajutas do mundo, que não tem consistência porque é formatada à moda da casa que a escreve. Se acha o supra sumo na Parapsicologia, por exemplo, quando os grandes parapsicólogos da Europa e dos Estados Unidos dizem que ele envergonha a Parapsicologia.
16)Certamente soube do ocorrido com Clóvis Nunes, diretor do MovPaz, há um tempo atrás, onde foi preventivamente detido e logo após liberado por ter sido constatada a sua inocência. Tem alguma informação do ocorrido? Acredita em algum tipo de sabotagem ao trabalho do MovPaz?
É algo para ser analisado com a inteligência, aliada a cautela. Assim que eu soube da notícia a primeira idéia que veio foi a de boicote. Todos os pacificadores do mundo foram vítimas de boicotes e Clovis, que trabalha muito pela Paz, não poderia estar imune. Não estou dizendo que ele fez ou deixou de fazer aquilo que foi acusado, só que eu, conhecendo a sua inteligência, acho difícil demais que ele tenha feito, porque não condiz com a lógica de um homem de tamanha inteligência. Só que alguns que não gostam dele aproveitaram o momento para empurrá-lo mais para o buraco.
O mesmo aconteceria comigo, caso surgisse tal boato envolvendo o meu nome, não tenha a menor dúvida.
17) Vivenciou algum fenômeno mediúnico que o marcou bastante desde sua adesão ao Espiritismo? Que tipos de fenômenos pôde observar de perto ?
Com Carlos Bernardo Loureiro em Salvador, vi coisas de arrepiar cabelos de carecas. Vi também com Edson Queiroz, vi coisas na Pineal Mind, com o Serginho Felipe, vi mediúnica realizada no curral com todos os animais, inclusive quase 200 vacas, se aproximando do trabalho, sem que ninguém chamasse, hoje vejo o belo trabalho da ASSEAMA, dedicado aos animais, em São Paulo... iiiiihhh, é coisa demais.
18) O que pensa da reação de alguns internautas e telespectadores fundamentalistas quando leva padres e pastores médiuns em seus programas de televisão ?
Fanatismo religioso, doença religiosa, incômodo com a possibilidade de ver os seus conceitos equivocados jogados de ladeira abaixo.
19) Poderia narrar sobre o novo canal de comunicação batizado Grupo Espírita Virtual, acessível a todos os interessados pela internet, no endereço
É uma experiência nova que está dando certo demais. É uma opção de centro espírita para quem não pode ou não quer freqüentar o centro espírita tradicional. Muita gente não sabe ainda, outros sabem mas tem dificuldade de acessar o link, mas a tendência é aquilo pegar mesmo, pra valer. O bom do GEV é não ter censura, permitir que todas as pessoas falem, sem restrições, até mesmo pessoas que pensam diferente, porque nos dá possibilidade de trocas de idéias.
20) Por fim, poderia enviar uma mensagem aos leitores do blog Luzes do Bem e do Almateca ?
Apenas sugerir àqueles que já estão no Espiritismo para que tenham cuidado com determinadas lideranças que tem por aí, não no que diz respeito a problema de conduta moral, porque não é isto, e sim em relação à presunção e sobretudo aos entendimentos equivocados e estacionados que muitos tem acerca do Espiritismo.
Agradeço pela atenção e pelo carinho de vocês,
Alamar.
Deixamos alguns vídeos do Alamar para os leitores, outros podem ser acessados pelo canal Alamar Régis Carvalho no Youtube. Abraços a todos!
Flávia Rebouças e Alexandre Filho
http://youtu.be/mcL_UQGxzpQ
http://youtu.be/_WwxDIGFJec
Amigos,queria ser a primeira a comentar, estava de olho desde ontem!
ResponderExcluirParabéns Alamar!! Realmente, um significativo trabalho na divulgação,eu mesma aprendi muito com os vídeos e vê-lo aqui no blog é demonstração que está sempre atento as chances de divulgar. Feliz por todos vocês, sucesso e vou agora er os vídeos postados.
Erguei semeadores do bem!! Bjs a todos com carinho,
Carol
Somos gratos também Carol,é de fato uma experiência única poder levar a vocês esta entrevista e as demais, Alamar realmente desempenha um significativo trabalho de divulgação e como podem ver, acessível a todos nós.
ExcluirAgradecemos por comentar, Abraços!
Amigos, acabo de ler a entrevista com o Alamar, observo que a maioria dos contatos com o espiritismo se dá ou de fatos que nos acometem e permitem uma busca e repensar ou pela nascença - casos dos médiuns e de famílias espíritas.
ResponderExcluirExcelente matéria, ótimas perguntas, confesso que em algumas circunstâncias me vi perguntando algumas delas.
Parabenizo aos envolvidos, abraços deste grande questionador,
Rubens
Olá Rubens, agradecemos o comentário, é muito bom ter esse retorno.
ExcluirAbraços!