O título deste post poderia levar a pensar que estamos nos referindo a Espíritos desencarnados que se passam por mentores para provocar algum tipo de engano ou cilada em reuniões mediúnicas.No entanto, não foi essa a intenção que nos motivou a escrever o post de hoje.
Por Síndrome do Pseudo Mentor queremos designar o comportamento de algumas pessoas que, seja por empolgação de início de estudo, seja por imitação, procuram reproduzir o comportamento de mentores espirituais, estejam eles encarnados ou não.
A título de simplificação do post, reduziremos o escopo de análise apenas ao movimento espírita, podendo tal raciocínio ser aplicado onde quer que haja um grupo de indivíduos que admirem uma personalidade célebre que seja considerada pelo como grupo como sendo de alguma forma superior.
Admirar(e tentar aprender com seus atos) alguém que possui ou possuiu atitudes nobres enquanto encarnado é uma forma de aprendizado e de evolução.Se observarmos bem o comportamento das crianças podemos ver que em determinada idade elas começam a imitar o comportamento de seus pais, pois estes são possivelmente a única referência próxima a elas do que seja "ser alguém",mas ao longo dos anos elas vão tendo mais referência que, em contato com sua própria personalidade, ajudam a definir quem de fato será aquele indivíduo como adulto.
A maior motivação que vemos para os pseudo mentores, dentro do movimento espírita, é Chico Xavier. Todos sabemos o quão nobre foi Chico Xavier, um exemplo vultoso de abnegação, mas isso foi ele ! E se ele é assim, certamente que não foi de uma hora para outra que se transformou em quem é. Certamente foi fruto do contato com outros mentores e principalmente pelas suas próprias reflexões pessoais.
Não é incomum percebermos pessoas no Movimento Espírita que tentam realizar a chamada "Reforma Íntima" de uma hora para outra e, não conseguindo apagar seus defeitos, passam a enxergá-los nos outros. Interessante é notar que, em alguns casos, até o modo de se expressar tenta transparecer uma hipotética superioridade moral. E é aí que os problemas começam...
Passando a enxergar as suas próprias imperfeições nos outros, o pseudo mentor começa a criticar e a reparar mais nas imperfeições alheias, que nada mais representam que uma projeção das suas próprias. Mas o pseudo mentor sabe que não é ainda um ser evoluído e, nem que seja de forma inconsciente, sabe das suas imperfeições, e é aí que surgem os conflitos.
O bom observador começará a notar que o pseudo mentor aos poucos vai se tornando um indivíduo hipócrita e quando o próprio pseudo mentor percebe a sua hipocrisia, cai sobre ele a culpa, não raro alimentada pelos assediadores que o estimulam mais na hipocrisia e na crítica alheia que gera mais culpa e torna o trabalho deles mais fácil. Dessa forma, vemos que as complicações só aumentam.
Outro grande equívoco muito comum é confundir caridade com passividade. Diante de uma situação na qual somos atacados, a defesa pessoal é justa, desde que ocorra dentro dos princípios éticos. Não podemos ficar parados sendo atacados sob o pretexto da "caridade", haja vista que também devemos ter caridade para conosco. Claro que estamos nos referindo a uma situação onde temos a consciência tranquila. Diante de uma injustiça, o primeiro sentimento que devemos possuir é o da indignação, a indignação que faz com que nos movimentemos para correr atrás da justiça. Essa é uma atitude de lucidez de quem sabe que estamos num mundo de provas e expiações.
Mas e o que fazer ? Allan Kardec nos diz: "O Verdadeiro Espírita é aquele que se esforça, tornando-se hoje melhor que ontem, amanhã melhor que hoje". Ou seja, é aquela pessoa que aos poucos, e não de uma hora para a outra, violentando-se. Procura tornar-se melhor, lutando contra suas imperfeições, mas naturalmente, dando pequenos, porém firmes, passos em busca da liberdade e da paz da Alma.
Libertemo-nos das falsas aparências, sejamos livres, lúcidos e com muita calma chegaremos nós um dia a ser verdadeiros mentores também.
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